O comboio histórico do Vouga regressou à linha para testes e provocou polémica por alegados atrasos no transporte regular.
O BE já pediu explicações ao Ministro Pedro Nuno Santos.
Moisés Ferreira e Nelson Peralta questionaram o governo sobre alegadas “perturbações na circulação ferroviária entre Sernada do Vouga e Aveiro”, devido à viagem de testes na passada quinta-feira.
Segundo os deputados, esta decisão “afetou um número incontável de utilizadores do Vouguinha, pois os seus interesses não foram acautelados”.
A Câmara de Águeda reafirma a aposta no turismo e lembra que o Vouguinha passou a referência internacional no Livro da União Internacional de Caminhos de Ferro.
Está destacado no mais recente livro, publicado esta semana e editado pela União Internacional de Caminhos de Ferro (UIC). Intitulado “Dream Trains” (ou “Comboios de sonho”, em tradução livre), a publicação “coloca o Vouga no mapa mundo”.
O livro “põe em evidência muitos comboios históricos, desde o Alasca até à Nova Zelândia e coloca o Vouga em letras gordas a par de comboios tão carismáticos como o Oriente Express”, avançou Nuno Freitas, Presidente do Conselho de Administração da CP, à margem da viagem de testes do comboio histórico do Vouga.
Para o dirigente, “isto é importante, não só para a CP como para o país e para a dinamização da economia, principalmente num tempo como este”.
Jorge Almeida, Presidente da Câmara Municipal de Águeda, demonstrou o seu “orgulho” pelo reconhecimento internacional ao comboio histórico do Vouga.
“É uma aposta no turismo ferroviário e sustentável que queremos manter e atrair cada vez mais para Águeda”, defendeu.
“Queremos tornar diversificada a oferta turística que temos, de modo a que mais e mais pessoas escolham vir a Águeda ver não só os nossos chapéus, não só as nossas riquezas naturais, mas também este comboio histórico, único em Portugal e agora uma referência mundial”, salientou Jorge Almeida, acrescentando que esta é uma aposta há muito tempo defendida pelo Executivo.
Na quinta, entre Aveiro e Sernada do Vouga, foi realizada uma marcha de ensaio e afinação de material circulante, numa viagem que incluiu a locomotiva a vapor Mallet E214, cinco carruagens históricas e uma cisterna de água.
O Presidente do Conselho de Administração da CP afirmou que, entre as carruagens ontem em teste, estavam duas que foram recentemente recuperadas, acrescentando que a própria locomotiva a vapor “fez uma revisão profunda, com prova hidráulica e diversos testes de segurança”.
Nuno Freitas frisa que estes testes, realizados na única linha de bitola estreita em funcionamento em Portugal, destinam-se a “afinar tudo para, logo que seja possível, consigamos reiniciar (a circulação) de comboios com pessoas”.
Neste momento, estão a ser reparadas mais duas carruagens em Contumil, que irão fazer o seu teste novamente, em breve, na Linha do Vouga.
“É com muito empenho que somos parceiros deste projeto que é o comboio histórico do Vouga”, disse, a propósito Jorge Almeida, Presidente da Câmara de Águeda, reiterando a aposta na valorização do património histórico ferroviário, que tem em Águeda um referencial de relevo.
Segundo ainda revelou o Presidente da CP, é intenção da empresa nacional ter um núcleo histórico na Linha do Vouga, um projeto alinhado com a missão da CP, que é “não só transportar grandes massas de pessoas nos pólos mais urbanizados do país, mas também olhar para esta vertente histórica do caminho de ferro”.
“Em Portugal ainda não temos muito esta cultura ferroviária. Às vezes parece que estamos a brincar com comboios, mas não estamos”, disse o responsável nacional da CP, frisando que a publicação do livro da UIC é a prova de que vale a pena apostar neste segmento de mercado turístico.
Uma opinião corroborada por Jorge Almeida, que luta, “há muitos anos, por este sonho e pelo reconhecimento de um património que sempre achei que deveria ser valorizado”.