O direito de resposta a um artigo do jornal O Ilhavense começa a fazer luz sobre o processo negocial encetado entre a concelhia do PS e João Campolargo para a candidatura dos socialistas à Câmara de Ílhavo.
Confrontado com informação sobre alegada “convulsão interna” no PS, na reunião da comissão política que decidiu aprovar a candidatura de Eduardo Conde e criticada pelas escolhas, sobretudo pelo afastamento de Campolargo, a concelhia socialista decidiu desfazer dúvidas e diz que o autarca de São Salvador só não é candidato porque não quis.
“Continua a não ser verdade que a maioria tenha excluído o autarca João Campolargo das listas autárquicas. Nem o que foi votado foram as listas autárquicas, foram apenas os seus cabeças-de-lista, nem o autarca João Campolargo foi afastado dessas listas: se o autarca João Campolargo não é cabeça-de-lista do PS, é porque não quis”.
A frase desse direito de resposta confirma que o processo negocial falhou para a liderança de listas mas pode ser reaberto noutro momento para as equipas.
Fontes ligadas ao processo dizem que existiu diálogo mas revelam que o Partido não podia ficar refém das escolhas do autarca de freguesia.
A confrontação de um independente, com peso na cena política, e uma estrutura partidária que procura ao fim de 24 anos regressar ao poder em Ílhavo foi levada até ao limite num quadro repetido em muitos concelhos sempre que está em causa a elaboração de listas e o “peso” de cada uma das partes.
Nem Campolargo quis ficar “refém” do PS, nem a estrutura concelhia quis ceder perante o candidato independente.
Ao decidir a votação com indicação do candidato apresentado há quatro anos, o PS dá sinal dessa liderança política mas não esperava reações adversas da sociedade civil perante as notícias que vieram a público colocando o ónus da liderança de Sérgio Lopes (na foto).
Ao revelar que Campolargo só não é cabeça de lista “porque não quis” a concelhia responsabiliza o autarca de São Salvador pelo fracasso nas negociações.
Defende a legitimidade das escolhas e diz que a maioria votou, “de forma expressiva”, as propostas de cabeças-de-lista do PS aos órgãos autárquicos, “tendo sido o resultado expresso, por exemplo, na escolha do candidato à presidência da Câmara, Eduardo Conde, de 16 votos favoráveis, 3 votos em branco e 2 votos nulos”.
Aproveita o momento para refutar a forma como foi retratada para fora a reunião da comissão política e desmentir argumentos que teriam levado à rotura.
“Ora, não sendo verdade que alguém tenha sido afastado das listas do PS, muito menos é que o tenha sido porque apoiou esta ou aquela candidatura ou porque tenha currículo académico, profissional e de carácter. Não vemos de resto razões para rejeitar essas competências, como é bom de ver pelos cabeças-de-lista escolhidos”.