O Agrupamento de Escolas José Estêvão, no contexto do Plano Nacional das Artes, promove uma conferência sobre a vida e obra de Vasco Branco.
"Relembrar Vasco Branco" é o evento marcado para as 10h desta quinta no anfiteatro da Escola Secundária José Estêvão.
Servirá para homenagear e recordar um dos mais notáveis aveirenses do campo das artes plásticas, cinema e escrita, contando com a presença, entre outros, de Rosa Alice Branco, Hugo Branco, Jeremias Bandarra, Joaquim Correia e Celso Cruzeiro.
Vasco Branco é um dos mais premiados cineastas portugueses, carreira que conciliou com as artes plásticas, sobretudo a cerâmica artística, e com a literatura, a par da sua profissão de farmacêutico.
Vasco Augusto Pinho Ferreira Branco nasceu na Rua Manuel Firmino, em Aveiro, no dia 27 de setembro de 1919.
De 1933 a 1935 frequentou o Curso Industrial de Desenho e Pintura Cerâmica, onde teve como mestres Silva Rocha, Gervásio Aleluia e o escultor Romão Júnior.
No ano de 1944 terminou o Curso de Farmácia, na Universidade do Porto, onde conviveu com o prestigiado professor, médico, pintor e teórico de arte Abel Salazar.
Na Gafanha da Nazaré, abriu a Farmácia Branco, onde estão alguns dos seus painéis cerâmicos.
Ceramista com obra pública em Aveiro Como ceramista, Vasco Branco possui vasta obra pública na cidade de Aveiro, nomeadamente os painéis de mosaico cerâmico que revestem o Túnel de Esgueira e o conjunto de painéis que se encontra na Praça da República, frente à Escola Homem Cristo, obras que assinou como VIC.
A sua primeira exposição individual ocorreu em 1945. Em 1963, participou na Exposição Coletiva realizada no Teatro Aveirense e, em 1971, foi um dos fundadores do Aveiro Arte, tendo exposto regularmente nos eventos promovidos por este grupo de artistas plásticos.
A partir de 1972, começou a privilegiar a cerâmica como a sua principal atividade artística, criando painéis de azulejos e peças artísticas, muitas das quais foram para colecionadores estrangeiros.
Em 1975, em parceria com o escultor Afonso Henrique, lecionou um curso de aperfeiçoamento de modelação e pintura cerâmica no Conservatório da Fundação Calouste Gulbenkian de Aveiro.
No ano seguinte, concebeu o painel cerâmico que está patente no Infantário da Vera Cruz. Em 1981, executou dois painéis para o Banco Português do Atlântico e pequenos painéis para o Museu Marítimo de Ílhavo.
Em 1983, concebeu um painel cerâmico para a Capela do Seminário de Aveiro e vários vitrais.
Em 2005, juntamente com o seu amigo Júlio Resende, realizou a exposição “Encontros”, que juntou obras dos dois artistas na Galeria Morgados da Pedricosa, em Aveiro.
No ano de 1990 expôs com os seus filhos João e Vasco, pintura e cerâmica, na Galeria K61, de Amsterdão, e em 1992 e 1993, novamente com os seus filhos, na Galeria Schommer, no Luxemburgo.
Vasco Branco foi galardoado praticamente com todos os prémios cinematográficos que houve em Portugal, desde 1958 até meados da década de 1980, sendo também de realçar que quase todos os seus filmes foram premiados nos principais festivais realizados no país.
Para além desses, o realizador aveirense viu a sua obra ser reconhecida internacionalmente. Assim, em 1960, o filme “Circo e Etc.” representou Portugal no Concurso Internacional da UNICA e permitiu a Vasco Branco trazer o primeiro diploma para Portugal.
Já em 1966, Vasco Branco recebeu o Ecrã de Prata no 4.º Festival Internacional de Nyon (Suíça), e obteve o primeiro Prémio no Festival Internacional de Calla d’Or. No ano seguinte, ganhou o Grande Prémio no Festival Ibérico de Barcelona e a medalha de
Foi em 1955 que Vasco Branco fundou, com outros aveirenses, o Cine Clube de Aveiro. Três anos depois, surgiu o seu primeiro filme, intitulado “O Bebé e Eu”, galardoado com o primeiro prémio no Concurso Nacional do Clube Português de Cinema de Amadores de Lisboa.
Em 1985, para a Câmara Municipal de Aveiro fez dois murais de grés em relevo, e criou o painel que está no quartel dos Bombeiros Novos. No ano seguinte, expôs pintura e cerâmica no Simpósio Internacional de Farmácia Clínica. Os painéis cerâmicos que revestem o túnel de Esgueira foram executados em 1987, ano em que concebeu um painel para o Hospital de Aveiro. No ano seguinte, o destaque vai para um grande painel em grés cerâmico colocado no Almeida Memorial Hospital, de Oita, no Japão.
No ano seguinte, participou na Bienal de Vila Nova de Cerveira e expôs em Aveiro e Santarém.
No ano de 1962, Vasco Branco alcança o 1.º prémio nas Jornadas do Filme de 8 mm de Paris. No ano seguinte, obtém o Filme de Ouro no Concurso Internacional do Cinema de Amadores de Salzburgo e uma menção especial do Festival de Cannes para o filme “O Espelho da Cidade”, para além do prémio para o Melhor Filme no 2.º Festival Internacional do Filme Amador de Huy (Bélgica).
Em 1964, Vasco Branco foi membro do júri internacional do Cineclube de Cannes e venceu o Grande Prémio no Festival do Cineclube da Beira (Moçambique).
No ano seguinte, ganhou o Fortim de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Amadores de Calla d’Or (Espanha) e o primeiro prémio no Festival Internacional de Andorra. Ainda nesse ano, conquistou dois primeiros prémios no Festival Internacional de Viña del Mar (Chile).
A revista suíça “Cinema Internacional” elogiou o seu filme “Tocata e Fuga”.
Texto: Paulo Corceiro (coordenador do Plano Nacional das Artes no Agrupamento de Escolas José Estêvão).
Foto: Público