Artigo de Opinião

O que nos deve mover

28.09.202520:54
Abraços

Sei bem que, dentro da imparcialidade possível – sempre mais teórica do que prática – nunca conseguimos atingir a neutralidade absoluta. Ninguém o consegue. Ainda assim, tento exercitá-la, porque a política, quando reduzida apenas a paixões, perde a capacidade de se explicar pela razão. E é com essa razão que volto a falar de Luís Souto de Miranda e de Rui Dias: para tentar clarificar, do meu ponto de vista, aquilo que vai para além da emoção, sustentando-se antes na substância das ideias e não apenas na forma como são comunicadas.

Luís Souto de Miranda enfrenta uma desvantagem difícil de contornar: sucede a um homem de obra, determinado, ambicioso e, acima de tudo, um ganhador nato. Venha o que vier, digam o que disserem, os factos permanecem. É ainda mais exigente para Luís, porque o próprio antecessor, em tempos, chegou a classificá-lo como uma má escolha. E convém explicar: quando falo de Luís, não digo que ele não saiba fazer, mas que tem dificuldades em expressar-se no tempo das narrativas exigidas, como acontece nos debates. É evidente e não fujo a isso: enerva-se com algumas situações e, naturalmente, a inexperiência neste domínio ainda é pouca.

Rui Dias, pelo contrário, beneficia do contraste. Surge depois de um período em que o executivo anterior, apesar de liderado por uma boa pessoa, não foi além de executar aquilo que o PSD, através de Fernando Caçoilo, já tinha desenhado. Nas questões cruciais, lavou as mãos, como se viu no caso das AEC’s. Teve a sua oportunidade e não deixou marca. Não digo isto para ser injusto, mas porque é necessário ser rigoroso: João Campolargo teve quatro anos e não fez. E quando não se faz, não é apenas o presente que se perde, é o futuro que se compromete.

Não sendo esta, necessariamente, a minha visão de Luís Souto – que, imaginemos, teria poucas ideias ou não as transmitisse –, o legado de Ribau Esteves seria suficiente para fundamentar uma escolha para a Presidência do Município. Em Ílhavo, face ao legado de João Campolargo e ao que recebeu, conhecendo as ideias de Rui Dias, não seria preciso muito para encontrar o sentido de voto único que verdadeiramente faça o município melhorar, crescer e prosperar. Rui Dias reúne visão, capacidade de engenheiro sem o ser, experiência de gestao e uma postura humanista que se traduz em resultados concretos.

É por isso que precisamos de retomar um rumo. E esse rumo é encabeçado por Rui Dias, que soube agregar o CDS-PP num movimento cuja força não está apenas na soma dos votos, mas sobretudo na soma de ideias e de pessoas. Essa é a verdadeira mais-valia: construir um Ílhavo maior e melhor a partir de uma convergência que é plural, mas sólida.

Eu, que me assumo claramente independente, em Aveiro e em Ílhavo, não falo por interesse. Em Aveiro nem sequer voto; em Ílhavo sim. E aceitei integrar as listas para a Assembleia Municipal não por qualquer motivação acessória – as senhas de presença não movem ninguém com sentido de causa – mas por acreditar que vale a pena estar dentro do processo. Eu sou sobre causas. Rui é sobre causas. Luís também é sobre causas. E é isso que verdadeiramente importa: a política como espaço de serviço público e não de cálculo pessoal.

Convém recordar: Alberto Souto deixou marcas, boas e más, algumas ideias válidas, mas um balanço final negativo quando se coloca na balança o custo e o benefício. Já João Campolargo, como disse, fez o que pôde – mas não soube fazer melhor. E o tempo já não volta atrás.

Por isso digo sem qualquer hesitação: Rui Dias é, absolutamente e sem sombra de dúvida, o melhor que Ílhavo pode ambicionar neste momento para a Presidência do Município.

E Aveiro, por sua vez, tem em Luís Souto um candidato que não deve ser diminuído por não ter a eloquência de outros. A oratória é um dom, mas governar é outra coisa. Luís já disse ao que vinha, já deixou claro com o que concorda relativamente ao trabalho do anterior executivo de Ribau Esteves. Só falta dizer com o que não concorda. Mas o essencial está lá: visão, consistência e a coragem de assumir posições.

Não me escondo atrás de neutralidades falsas, nem me esquivo à ideia de defender as boas ideias e as boas pessoas, capazes de fazer mais e melhor, em detrimento daquelas que, por melhor que falem, farão sempre pior. Este texto não foi encomendado por ninguém. Encomendei-o a mim mesmo, por dever – dever de clareza, de responsabilidade e de cidadania.

A política, no fim, mede-se pelos resultados e não pela forma como se fala deles.

Abraço.