A Quercus critica a realização da “Corrida das Areias” em percurso que atravessa áreas de proteção especial na Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto
Há especialistas em questões de ambiente que tomam posição contra a realização da prova em zona sensível.
O evento desportivo está marcado para este domingo em São Jacinto.
A Quercus revela “indignação” pela realização desta prova, no dia 21 de maio, com início na Torreira e passando por áreas de proteção da Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto.“Não entendemos como pode ser autorizado este evento, uma vez que, para além da destruição da vegetação dunar, estamos em plena época de nidificação de espécies protegidas pela Diretiva Aves, como o Borrelho-de-coleira interrompida. Esta espécie coloca os seus ovos no areal até à duna primária, pelo que estes estão sujeitos a todos os riscos inerentes à atividade humana nas praias, nomeadamente, ao pisoteio”.
A Quercus revela que nesta altura do ano há casais a incubar e crias que já eclodiram e que ainda não voam, pelo que há o sério risco de serem pisados e de se estar a promover um “dano irreparável na reprodução desta e de outras espécies que nidificam nas zonas de praia”.
“A passagem por áreas de proteção da reserva, que deveriam estar resguardadas deste tipo de ameaças, é algo que não compreendemos e que viola claramente o Plano de Ordenamento eda Rede Natura 2000. Apelamos por isso ao bom senso, de se cancelar esta prova na data e percurso anunciado, optando por soluções que respeitem os períodos e espaços de nidificação destas aves”.
Rosa Pinho, docente universitária, deixou um reparo na mesma linha e apelou ao bom senso.
“Mesmo que não haja ninhos e que não se partam ovos, acho um perfeito disparate, um atentado ambiental, uma corrida na RNDSJ, mas aquilo é uma Reserva, onde se pode tudo e mais alguma coisa? Qual o significado de Reserva? Uma caminhada como já fiz muitas dando a conhecer a flora e a sua importância, com colegas a fazer o mesmo em relação à fauna, parece-me aceitável, mas uma corrida sem aprender nada, correndo o risco de destruir muito, com tantos locais mais apropriados para correr. Como é possível o ICNF autorizar uma coisa destas? Haja bom senso”.