“Plano de Nuno Portas transformou a conceção do espaço académico" - UA sobre arquiteto Nuno Portas.

A Universidade de Aveiro e vários docentes da academia destacam a influência de Nuno Portas no pensamento sobre urbanismo em Portugal, em Aveiro e no campus universitário.

O arquiteto que liderou a expansão do campus de Aveiro faleceu aos 90 anos.

É um antigo honoris causa e docente que ajudou a formar centenas de alunos, muitos deles hoje docentes na academia aveirense.

Considerado “figura central” da arquitetura portuguesa do século XX e responsável pela revisão crítica e inovadora do plano urbanístico do campus da Universidade de Aveiro (UA), Nuno Portas liderou a expansão do Campus de Santiago, a partir de 1996, deixando “marca profunda na instituição e no seu diálogo com a cidade”.

“O plano de Nuno Portas transformou a conceção do espaço académico, afastando-se dos modelos isolados e fechados então dominantes, para apostar numa integração harmoniosa com a malha urbana”, refere a Academia em nota publicada este domingo.

Sob a sua coordenação, a expansão do campus tornou-se um modelo de urbanidade, privilegiando a circulação pedonal, a criação de espaços de encontro e um ambiente académico mais humanizado.

Em 1998, por ocasião do 25.º aniversário da Universidade de Aveiro, Nuno Portas foi distinguido pela instituição com o título de Doutor Honoris Causa, reconhecimento do seu contributo excecional para a arquitetura e para o desenvolvimento do campus universitário.

José Carlos Mota, docente universitário e antigo aluno na 1.ª edição do Mestrado em Planeamento e Projeto do Ambiente Urbano, na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, fala de uma personalidade marcante.

“Partilhou connosco o modo como se escutavam as populações e se debatiam com elas as soluções habitacionais e urbanísticas. E falou também das brigadas de urbanismo ativo e multidisciplinar, que funcionavam em modo ambulatório e co-construíam com os moradores, no terreno, essas soluções. 50 anos depois da criação daquela política pública, devíamos reaprender com os seus ensinamentos e usá-los para responder aos problemas graves habitacionais que atravessamos. Esse modo de fazer cidade inspirou muitas gerações de urbanistas, a minha, sem dúvida. Estamos todos eternamente gratos”.
Alberto Souto Miranda, antigo autarca de Aveiro, lembra a participação do arquiteto no Plano da Aveiro Polis.

“Era um espírito superior com uma perspectiva muito cultural da arquitetura, rasgo na visão e ordenamento no traço, um conversador com quem sempre se aprendia qualquer coisa, ou não fora ele já, então, uma das referências do planeamento e arquitectura portuguesas. Luís Viegas e Matos Rodrigues sabem-no bem.

Quando perdi as eleições em 2005, ele e Mariano Gago, honraram-me com a sua presença num jantar de homenagem imerecida que alguém me promoveu. Curvo-me, reconhecido, como o país, perante o seu passamento para aquela vida eterna certa que a sua vida de 90 anos lhe grangeou”.