Livro sobre peixes, receitas e tradições do rio Minho teve colaboração da Universidade de Aveiro.

Livro sobre peixes, receitas e tradições do rio Minho teve colaboração da Universidade de Aveiro.

“Em meu entender uma receita é muito mais que um simples escrito, cada receita tem a sua índole e deve incluir também uma descrição histórica, com etnografia, que cative e motive, quem cozinha e quem come!...” escreve João Guterres, neste livro publicado com o apoio do projeto Cooperminho, que tem parceria da Universidade de Aveiro (UA).

“Temos a obrigação de transmitir este conhecimento, porque forma parte da nossa cultura, ao longo da história dos povos, de geração em geração, dado que a quase totalidade deste receituário foi-nos transmitido de forma oral”, escreve ainda o autor no livro “Peixes do rio Minho e não só. Receitas com história”, agora publicado pelas Edições Afrontamento.

João Guterres, conhecido empresário, divulgador da gastronomia, estudioso dos recursos e da cultura das margens do rio Minho, e filantropo, tem vindo a reunir informação sobre receitas e seu contexto histórico há mais de 40 anos.

Criou o primeiro gin tinto do mundo com base em ingredientes das margens do rio Minho, assim como criou os licores “Cantar Portugal”.

A equipa de investigadores do projeto Cooperminho, onde se inclui Ulisses Azeiteiro e Mário Pereira, ambos professores do Departamento de Biologia (DBio) da UA, decidiu ajudar a divulgar o acervo.

O projeto é liderado pelo Município de Vila Nova de Cerveira, através do Aquamuseu do Rio Minho, envolvendo ativamente as universidades de Aveiro e Porto.

“No projeto Cooperminho, que procura a valorização dos recursos piscícolas do rio Minho e do património sociocultural associado, bem como a promoção da sustentabilidade dos recursos explorados, não poderíamos deixar de apoiar a vinda a público desta obra”, explica o professor do DBio.

Os investigadores editaram os conteúdos, muitos deles, textos de receitas com enquadramento histórico e etnográfico da autoria de Guterres, dispersos em folhas, e juntaram dados de cariz científico sobre as espécies referidas.

A maior atenção da obra vai para as espécies migradoras do rio Minho, nomeadamente, a lampreia, o sável e a enguia, etnobiologia, tradições e gastronomia, respetivo contexto histórico. Como toque de curiosidade, refira-se que as todas as receitas, assim que recolhidas e registadas por João Guterres, eram confecionadas por si, em casa, empratadas em loiça da época e fotografadas. Esses registos fotográficos estão no livro.

Trata-se, portanto, de um o registo histórico, identitário e cultural e ainda etnográfico e etnobiológico, de “uma viagem (…), as suas cozinhas, alimentos, tradições, crenças e cultura gastronómica. É sentir o latido das nossas origens!...”, escreve o autor.