Estarreja prepara-se para lançar curso profissional em carpintaria naval.
A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) inscreveu “como registo de salvaguarda urgente” o «Barco Moliceiro: Arte da Carpintaria Naval da Região de Aveiro» no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, conforme despacho publicado no dia 15 de dezembro, em Diário da República.
A construção do Barco Moliceiro insere-se na tradição da arte de construção naval tradicional, com origem na Região de Aveiro, sendo que este tipo de embarcação foi inicialmente criado e utilizado para a apanha do moliço, uma das mais importantes atividades económicas que a região conheceu durante várias décadas.
Após um declínio no número de embarcações devido ao abandono da prática da apanha do moliço, atualmente o Barco Moliceiro é utilizado para a atividade turística, transição que permitiu evitar a sua perda.
Ainda assim, tem sido difícil captar novos profissionais que possam assegurar de forma continuada esta arte.
Assim, a DGPC reconhece a necessidade de salvaguarda urgente a este saber-fazer, que atualmente é apenas praticado de forma regular por cinco mestres construtores e por um pintor de moliceiros, sedeados nos concelhos de Estarreja e Murtosa, não se tendo conseguido atrair novos aprendizes nos anos mais recentes.
No Município de Estarreja, a arte da construção naval ainda ganha vida pelas mãos dos mestres construtores António Esteves, Arménio Almeida e Felisberto Amador, da freguesia de Pardilhó, "terra da ria e berço de centenas de construtores navais de machado e enxó", e que foram homenageados com a Medalha de Mérito Municipal em 2019.
O reconhecimento nacional da importância da salvaguarda deste património representa um passo fundamental para a classificação futura como Património Mundial Imaterial da Humanidade.
Foto: arquivo cme