Discussão sobre iscos de pesca em Aveiro deixou homem em coma. (JN)

Um jovem de 26 anos começou esta quinta-feira a ser julgado, no Tribunal de Aveiro, por ter agredido um homem à porta de um café, em Albergaria-a-Velha. A vítima esteve três semanas em coma.

Uma discussão sobre iscos de pesca terminou numa agressão violenta, que envolveu uma arma de fogo. O caso aconteceu em novembro do ano passado, à porta do café Boavista, em Angeja, Albergaria-a-Velha.

Na sequência da rixa, um homem de 43 anos ficou ferido com gravidade na cabeça e um jovem, de 26, foi detido preventivamente, após ter confessado o crime. Esta quinta-feira, o alegado agressor começou a ser julgado, no Tribunal de Aveiro, por homicídio qualificado na forma tentada. Alegou que não teve intenção de matar, pois julgava "que a arma não era verdadeira".

Frederico Gonçalves, vítima da agressão, foi claro em tribunal ao resumir as consequências que a mesma teve para a sua vida: "Era uma pessoa normal e deixei de o ser. A minha vida foi-me tirada".

Na sequência dos ferimentos que sofreu, o mecânico de bicicletas - agora de baixa médica - foi submetido a uma cirurgia na cabeça, esteve em coma "três semanas", ficou com dificuldades de locomoção e de mobilidade no braço direito. Frederico garante que, atualmente, necessita da assistência de alguém "para fazer quase tudo". Além disso, assegura que não se lembra de nada do que aconteceu naquela tarde de novembro, cerca das 17 horas, à porta do café onde havia ido com um amigo.

André C., o alegado agressor, começou por assegurar ao coletivo de juízes que "alguns" pontos da acusação do Ministério Público "são verdade, outros são mentira". O jovem vendedor de materiais de construção civil confirmou que se havia deslocado ao café, com um amigo, cerca das 11 horas, tendo passado parte do dia na esplanada do mesmo. E que foi aí que encetou conversa com Rui, amigo de Frederico. "Começámos a abordar o tema da pesca e falar do isco. E, repentinamente, o senhor Rui começou a chamar-me nomes. Disse que eu era um burro e para voltar para a escola", recordou André.

Segundo o arguido, durante a troca acesa de palavras com Rui, Frederico - que não estava envolvido na conversa - "puxou da cintura uma arma, destravou-a" e disse: "Já limpei uns quantos, dou-te já um tiro". Terá sido nessa altura que um dos amigos do jovem fez um "mata-leão" à vítima, para que André lhe tirasse a arma das mãos. "Dei-lhe um soco. Já com a arma na mão, pensei que era de "airsoft" e que era só para nos assustar. Abanei-a e carreguei no gatilho", recordou o jovem. A arma era uma 9 mm, para a qual Frederico tinha licença de porte, por ser praticante de tiro desportivo.

André explicou que julgou ter acertado no homem, abandonando o local de seguida, com o amigo, e atirando a arma para um terreno. Frederico ficou a sangrar, no chão da esplanada. Já em casa, os dois jovens telefonaram para o INEM e para a GNR. E André viria a entregar-se, pouco depois, na Polícia Judiciária (PJ).

Na altura da detenção, em comunicado, a PJ divulgou que o jovem teria agredido a vítima com um "objeto de natureza contundente, ainda não especificamente determinado". E que o disparo só não acertou no homem por "circunstância meramente fortuita".

Na primeira sessão do julgamento, o arguido, que se encontra em prisão preventiva, pediu desculpa à vítima. "Queria pedir diretamente desculpa ao senhor Frederico e, se houver alguma coisa que eu possa fazer, estou ao dispor", afirmou.

 

 

 

 

Fonte: JN