A Presidente da Direcção da CERCIAV concorda com a homóloga de Estarreja que diz existir em Portugal uma cultura legislativa ao nível da Suécia "para um país sem os meios e as condições dos países do Norte da Europa".
Marília Martins confia que haverá regras a ser alteradas para regimes mais flexíveis mas assume que muitas das regras que regulam o exercício da actividade de educação de cidadãos com deficiência "são impraticáveis".
"A legislação está muito longe do que é a realidade. Há coisas que não fazem sentido, nem sequer são viáveis. Exigem a presença de um médico nas instituições. Isto não faz sentido porque as famílias levam os jovens aos médicos lá fora. Não faz sentido ter fisioterapeutas a tempo inteiro. Não podemos fechar as pessoas dentro da instituição. As pessoas vão, se precisarem, aos serviços normais da comunidade", disse em declarações à Terra Nova.
A dirigente salienta que os cerca de 300 utentes e 60 funcionários estão integrados numa estrutura mais estável. Ainda assim admite que seria importante reforçar os recursos humanos. "Talvez pudéssemos ter algum reforço de pessoal em algumas valências mas, temos dado respostas às nossas necessidades. As verbas financeiras disponíveis é que não são suficientes para o desenvolvimento das nossas actividades", sublinhou.
A dignidade da pessoa com deficiência continua a ser desígnio da instituição que aposta na qualificação das valências prestadas. Marília Martins salienta que o "espírito integrador da sociedade" tem sido interessante. "Vemos hoje que as pessoas com deficiência estão na sociedade como cidadãos em igualdade. As empresas tratam-nos com igualdade e respeito. Encaram estas pessoas não como diminuídas mas como tendo capacidade de resposta às exigências", vincou Marília Martins, em declarações à margem dos 38 anos da CERCIAV.