Fim de semana dedicado a Vasco Branco com evocação na VIC Arts House/Navalha.
Na literatura, cinema, cerâmica e pintura, a celebração do centenário do nascimento do aveirense Vasco Branco (1919-2014) decorre entre sexta-feira e domingo, dias 25, 26 e 27 de Setembro, um programa de três dias organizado pela Câmara Municipal de Aveiro e produzido pela VIC Aveiro Arts House/Navalha. Uma celebração que "tentará fazer jus ao espírito irrequieto e plural do artista".
A organização valoriza "um dos seus mais queridos e multifacetados artistas. A sua existência partilhada e vibrante permanecerá para sempre enraizada no Bairro da Beira-Mar, na vida dura dos marnotos, nos artefactos, na faina e na laguna, que viriam a ser o grande tema da sua obra".
O programa conta com uma exposição de pintura e cerâmica de Vasco Branco, uma instalação desenvolvida a partir dos seus moldes cerâmicos; um itinerário pela sua obra pública; uma mesa redonda; duas sessões de cinema ao ar livre, com filmes do autor sonorizados ao vivo; uma leitura partilhada dos seus textos dramáticos; e o lançamento do livro intitulado Legendas da Cidade Salgada, que dá voz e imagem à intimidade do homem e da obra com a cidade de Aveiro.
O texto que anuncia o programa apresenta Vasco Branco que “quis uma vida para lá da mediocridade e da ditadura de Salazar, e fê-lo de muitos modos e muitas artes”.
E aponta para numerosos prémios nacionais e internacionais na Literatura, no Cinema de curta-metragem, como a Menção Especial no Festival Internacional du filme Amateur de Cannes, festival cujo júri integrou no ano seguinte.
Os seus painéis cerâmicos estão em Aveiro ou no Japão e “só o estilo une a diversidade dos processos e recursos de um artista que foi experimental em toda a extensão da sua obra vertiginosa, passando de uma arte a outra no colapso de um instante”.
E a sala de cinema de sua casa que “voltou recentemente a acolher uma programação cultural de vanguarda pelas mãos do projecto VIC // Aveiro Arts House, era sede cultural da resistência ao regime, onde se reuniam as figuras de proa da cultura oponente, vindas também de outras terras como Porto e Coimbra”.
Vasco Branco também foi divulgador cultural, foi co-fundador do Cineclube de Aveiro, da AveiroArte, do Clube dos Galitos e da Fundação João Jacinto de Magalhães, colaborou em revistas e jornais como O Mundo literário, Bandarra, Litoral, Libertação, e esteve no ensino do Cinema e da Cerâmica.
Segundo Rosa Alice Branco, “entre 25 e 27 de Setembro, Aveiro celebra 100 anos de amor às artes, à vida e a uma cidade com quem Vasco Branco dialogou através de todas as formas de expressão artística que praticou; celebra esse azul diáfano e puríssimo que se fez ria e delta de sonhos e brincadeiras e o modo como desse azul fez um corpo de mãe e de mulher amada; celebra a força interior que está na origem da experimentação, acima de qualquer fórmula bem conseguida; celebra o amor a todas as pessoas e cada uma que se cruzaram num ápice, ou numa vida com o seu olhar, a sua respiração; celebra a preocupação genuína, que surge nos seus textos, com o destino das gentes e do planeta que habitamos”.
O programa arranca esta sexta, às 21h30, no Jardim do Museu de Aveiro / Santa Joana cm cinema de Vasco Branco projetado ao ar livre e sonorizado ao vivo por Samuel Martins Coelho e Hugo Branco.
Segue este sábado, às 16h00, no Museu da Cidade de Aveiro com a inauguração da exposição de pintura e cerâmica de Vasco Branco / instalação.
Antes, às 11h, no Seminário de Santa Joana Princesa há itinerário pela obra pública de Vasco Branco, guiado por Sérgio Azeredo (visita difundida através das redes sociais).
Às 16h00 no ATLAS Aveiro – Edificio Fernando Távora há “Conversas do Trianon”.
A mesa redonda sobre Vasco Branco conta com Anabela Branco de Oliveira, Jaime Borges, Lauro António, Maria João Tudela e Vasco Pinto Leite num encontro moderado por Rosa Alice Branco.
Domingo, às 16h00, no ATLAS Aveiro, dá-se o Lançamento do livro sobre Vasco Branco por Valter Hugo Mãe, às 17h30 no Museu da Cidade visita à exposição de pintura e cerâmica e às 21h30 no Teatro Aveirense leitura partilhada de textos dramáticos de Vasco Branco com Rosa Alice Branco.
O Presidente da CMA, Ribau Esteves, deixa “uma palavra de agradecimento à Família de Vasco Branco pela partilha solidária do seu melhor Património que juntos queremos valorizar mais e dar a conhecer às novas gerações, e uma palavra de compromisso para darmos continuidade ao bom uso dos valores de cultura de que somos herdeiros, em apostas tão modernas e de futuro quanto é a candidatura de Aveiro a Capital Europeia da Cultura 2027”, vincou.