A cientista Ana Gabriela Henriques (na foto), da Universidade de Aveiro (UA) recebeu financiamento da norte-americana ‘Alzheimer’s Association’, com o projeto dedicado à procura de novas formas de diagnosticar o Alzheimer.
A pista pode estar nos exossomas, vesículas com constituição proteica que são regularmente expulsas por vários tipos de células de mamíferos.
Tipicamente, o diagnóstico para a doença de Alzheimer, envolve avaliação da capacidade cognitiva, técnicas de imagiologia e punção lombar para extração de líquido cefalorraquidiano para posterior análise molecular neuroquímica.
No entanto, a punção lombar é um método complexo, intrusivo que ocorre em ambiente hospitalar, daí a necessidade de encontrar biomarcadores em biofluídos periféricos, como o sangue, refere a investigadora Ana Gabriela Henriques, coordenadora do projeto. Assim, salienta ainda, não só os estudos neste campo continuam, como se testam outras abordagens e metodologias.
Neste sentido, uma equipa de investigadores do Instituto de Biomedicina (iBiMED) no Departamento de Ciências Médicas da UA, e da Universidade de Göttingen (Alemanha) vai estudar, através do projeto ExoDiagAD, os exossomas como possível fonte de biomarcadores de doenças neurodegenerativas, em particular da doença de Alzheimer.
Os exossomas são pequenas vesículas expulsas por células de mamíferos, que variam na sua composição, de acordo com o tipo de célula que as expulsa.
Os exossomas encontram-se em vários fluídos corporais, como sangue e urina, e têm vindo a ser estudados como fonte de biomarcadores em doenças oncológicas e mais recentemente nas doenças neurodegenerativas.
O perfil proteico nos exossomas, como Abeta, Tau e Tau P181 (tem um resíduo fosforilado), apresentam uma grande promessa como biomarcadores relevantes.
Em aberto, neste projeto, está a possibilidade de se identificarem biomarcadores adicionais para além dos já conhecidos.
Como tal, o projeto explora uma metodologia não invasiva como diagnóstico de doenças neurodegenerativas, e em particular da doença de Alzheimer.
A equipa da UA é coordenada pela investigadora Ana Gabriela Henriques, e a da Universidade de Göttingen, é coordenada por Jens Wiltfang, um dos investigadores que ocupa a Cátedra Ilídio Pinho em Neurociências no Departamento de Ciências Médicas da UA.
Orientada por Ana Gabriela Henriques e co-orientada por Jens Wiltfang, Tânia Martins está a desenvolver a sua tese de doutoramento nesta área fazendo parte da equipa de investigação.
O estudo, um de dois em Portugal financiados atualmente pela ‘Alzheimer’s Association’, dos EUA, - num montante de 150 mil dólares, no caso do ExoDiagAD - tem duração de três anos. De notar que, desde 2008, esta entidade Americana só financiou quatro projetos em Portugal, incluindo este.
A vertente experimental do ExoDiagAD assenta na análise de amostras de fluídos corporais extraídos de dois grupos de indivíduos, em Portugal e na Alemanha, incluindo a coorte da região de Aveiro, estabelecida pelo grupo de Neurociências e Sinalização, coordenado por Odete da Cruz e Silva, e com a colaboração de Ilka Rosa, também envolvida no referido projeto de investigação.
A criação do logotipo para o projeto ExoDiagAD contou com a participação de um grupo de alunos de Design da UA (Clara Torres, Beatriz Arruda, Bruno Rosa, Maria Conessa e Wang Hehui), no âmbito da unidade curricular Projeto em Design II, coordenada pelo docente Eduardo Noronha.
Texto e foto: UA