A relevância das enguias para o território da Murtosa é a marca forte do Museu Comur ontem inaugurado. Joaquim Batista, presidente da Câmara da Murtosa, admite que “existem outros museus e bons no País" mas vê no equipamento um espaço para documentar a relevância das conservas de enguias para o território murtoseiro. "Não mexemos em rigorosamente nada, nem nos tanques de lavagem, nem nas máquinas de embalar que ainda conseguimos recuperar, nem nos tanques da fritura. Estão todos lá para serem percebidos, mas associámos uma dimensão de imagem e de som ao espaço, que permite ao visitante interagir com ele e mais facilmente interpretá-lo".
As antigas instalações da conserveira Comur passam a espaço de “soluções interativas” que ajudam o visitante a perceber o contexto histórico e local das conservas de enguias. Joaquim Batista explica que a atividade conserveira nasce do saber das fritadeiras da Murtosa, mulheres que fritavam o peixe e o conservavam em molho de escabeche, para conseguirem vender o excedente em locais de grande distância. A indústria nasce de uma primeira grande encomenda para a Grande Lisboa, mas o grande impulso é dado com a encomenda seguinte, para abastecer de conservas de enguias os soldados italianos, na II Guerra Mundial.
O autarca recorda o arranque do projeto que não terá sido consensual na fase inicial mas acredita que op tempo dará razão às teses defendidas. “Quando em 2010 a Câmara Municipal da Murtosa decidiu adquirir o imóvel à empresa, nem todas as pessoas concordaram, nem perceberam as razões, mas era importante preservar a identidade do povo murtoseiro, a sua autenticidade e singularidade, associando a dimensão humana à territorial”.