Ílhavo: "Apelo à responsabilidade na comunicação política não é uma questão de censura, mas de exigência democrática" - Paulo Pinto Santos (AMI).

O presidente da Assembleia Municipal de Ílhavo retoma o tema da qualificação do discurso político salientando que o uso de “linguagem inapropriada” por parte de autarcas pode ter “consequências sérias como a descredibilização das Instituições, a erosão da participação cívica e mau exemplo para a comunidade”.

Paulo Pinto Santos regressou ao tema, sem falar de casos concretos, mas fez esse discurso escrito cinco dias depois de uma Assembleia Municipal marcada por troca de acusações entre autarcas.

E diz que o faz sem espírito de censura.

“O apelo à responsabilidade na comunicação política não é uma questão de censura, mas de exigência democrática. Quem representa os cidadãos deve ter a consciência de que as palavras têm peso, impacto e consequências. Num tempo em que se exige cada vez mais transparência e seriedade na gestão pública, a qualidade do discurso não pode ser uma questão menor”.

Lembra que no exercício da democracia local, os eleitos não se representam apenas a si ou à sua visão mas cidadãos e a forma como comunicam, dentro e fora dos órgãos autárquicos, “deve refletir a responsabilidade institucional que assumiram”.

O presidente da mesa da Assembleia Municipal que, na passada sexta, apelou à moderação, vem a público censurar o uso de vernáculo e de linguagem menos apropriada.

“O discurso político é uma das mais poderosas ferramentas de governação. É através da palavra que se constroem consensos, se promovem políticas públicas e se fortalecem os laços entre governantes e governados. Quando um eleito recorre a expressões vulgares, ofensivas ou desrespeitosas, está a abdicar desse poder transformador e a substituir o debate construtivo pelo ruído da polémica e da agressividade gratuita”, refere Paulo Pinto Santos.

Em texto publicado na página pessoal de facebook, lembra que há fóruns, como as assembleias, que exigem mais do que etiqueta.

“Um discurso que resvala para a linguagem desadequada não só fragiliza a imagem dos órgãos autárquicos, como compromete a confiança dos cidadãos na política local. O poder, para ser legítimo, precisa de credibilidade; e a credibilidade constrói-se com integridade, conhecimento e, claro, uma comunicação cuidada”.

Paulo Pinto Santos apela a que se evite a “banalização do discurso” optando por recorrer a formas “diretas e assertivas” de comunicar “sem resvalar para o desrespeito”.

“O verdadeiro líder é aquele que sabe defender as suas ideias com firmeza, mas sem necessidade de recorrer a expressões que ofendam ou desvalorizem o outro”.