Inova-Ria debate futuro da agenda microeletrónica no setor automóvel.

A Inova-Ria promoveu um debate “descentralizado” sobre “A Microeletrónica e os Desafios da Mobilidade e da Indústria Automóvel”.

Águeda recebeu mais um momento de reflexão sobre a agenda Microeletrónica.

O Centro de Inovação e Tecnologia acolheu esta ação mais voltada para os desafios da mobilidade e da indústria automóvel”.

Carlos Alves, vogal da Direção da Inova-Ria, lembra que áreas de forte industrialização têm interesse neste tema salientando a aposta do Plano de Recuperação e Resiliência no fortalecimento da indústria de semicondutores e microeletrónica em Portugal.

A Inova-Ria é uma das “17 entidades” que integram essa agenda.

“Normalmente, as pessoas que debatem sobre estes temas são de Lisboa ou do Porto. A Inova-Ria tem esta caraterística de tentar descentralizar e de não fazer tudo nos grandes centros”, refere Carlos Alves.

Para o também membro do Comité Estratégico e de Gestão da Agenda da Microeletrónica, o feedback do workshop “não podia ter sido mais positivo”.

“Tivemos aqui um senhor que nos disse que esteve também em Aveiro [nos workshops]. Começamos a ser seguidos. Para nós também é importante chegarmos às pessoas que usam a eletrónica todos os dias. Agora é preciso desconstruí-la”, sublinhou.

Paulo Marques, gestor executivo da Inova-Ria destacou que esta “sessão técnica” é, mais uma vez, o resultado de uma das “coisas boas” que a agenda da microeletrónica permitiu.

No caso concreto deste workshop, o gestor executivo revelou que o objetivo passava por “perceber como é que a mobilidade impacta e quais os desafios para a microeletrónica e para os semicondutores”.

O gestor executivo deu ainda nota que esta sessão se inseriu “num conjunto de workshops técnicos” que a Inova-Ria está e vai continuar a levar a cabo.

“É importante passar este conhecimento para os técnicos, para as empresas e para a comunidade em geral. Esse é o objetivo deste conjunto de dez workshops que vamos fazer até meados do próximo ano”, afirmou.

No que toca às sessões técnicas deste ano, as seguintes realizar-se-ão em Leiria, no dia 12 de novembro, com o tema da “Cibersegurança” e no Fundão, no dia 3 de dezembro, com o tema das “Arquiteturas Abertas”.

Após a sessão de abertura, seguiu-se um primeiro painel dedicado a debater a temática das “Infraestruturas e Hardware”.

Como moderador, Alcino Lavrador, coordenador do Advisory Board da Agenda da Microeletrónica, destacou que a indústria automóvel vive hoje uma “disrupção”, realçando que o setor automóvel que representa “mais de 6% do emprego total”, na Europa, enfrenta um “futuro incerto sobre a sua capacidade de resistência”.

“Esta disrupção é caraterizada por um ritmo recente de transformações e por várias tendências aliadas a uma forte componente da China, principalmente, na eletrificação dos veículos com um custo de produção 30% inferior aos europeus e fortes ajudas estatais”, alertou.

“Este é um dilema que a Europa se debate hoje”, atentou.

Frederico Vaz, diretor de tecnologia na A-to-Be considerou que “há sempre tempo para recuperar algum atraso”.

“A China avançou efetivamente de uma forma mais rápida por alguma necessidade associada à poluição do ar”, justificou.

Para Frederico Vaz, a Europa está a fazer o seu caminho e a tomar medidas para ganhar terreno.

“Não nos podemos esquecer que a Europa foi a pioneira no setor automóvel”, recordou, destacando que está “positivista” quanto ao futuro.

Jorge Cabral, administrador do Centro de Engenharia e Desenvolvimento do Produto (CEiiA), Paulo Monteiro, docente do Instituto das Telecomunicações e Universidade de Aveiro (IT), Filipe Alves, investigador no INL e Joaquim Ferreira, professor coordenador da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA) foram alguns dos participantes no debate.

Já, no segundo painel que teve como temática as “Aplicações”, Pedro Roseiro, gestor de projetos da Inova-Ria e responsável por moderar a segunda conversa começou por comparar o carro do futuro a um “smartphone com rodas”.

José Oliveira, responsável pela área de Pré-Sales de Embedded & Critical Systems na Capgemini, foi ao encontro desta perspetiva e frisou que os veículos do futuro, ou seja, os “carros autónomos” já não são um “smartphone”, mas sim “um conjunto de smartphones” sobre rodas.

Neste momento, “ já temos vários smartphones dentro de um veículo, mas eles controlam uma única máquina. O desafio é garantir que este software se comporta como se comportavam os veículos mecânicos de antigamente”, afirmou.

Segundo José é este o repto que faz a Europa “parecer” mais lenta.

“Como já temos muita estrutura e conhecimento anterior demoramos mais tempo a fazer aplicações de tecnologias”, realçou.

“A regulamentação europeia é aqui particularmente mais exigente e funciona muito bem, pelo facto de termos que primeiro provar como é que funciona antes de pormos os veículos na rua”, acrescentou.

Apesar do decréscimo de acidentes graves [nas cidades que apostaram numa maior presença de veículos autónomos], José Oliveira destacou que, por sua vez, aumentaram os “acidentes pequenos”.

“Ainda não é determinista dizer que são mais seguros. Temos de garantir que eles são capazes de conduzir melhor do que um humano antes de os pormos na rua”, reforçou.

José Oliveira aproveitou ainda a sessão para realçar o “excesso de informação” que, atualmente, os painéis dos veículos fornecem aos condutores.

“Um exemplo simples são as luzes de aviso de que existe um carro no ângulo morto. Muitas vezes, essa informação é dada sem a pessoa estar a fazer uma manobra. É mais importante dar esse alerta somente no momento em que a pessoa está a fazer a manobra”, exemplificou.

O segundo painel contou ainda com a participação de José Rui Simões, gestor de desenvolvimento de negócios na Critical Software, de Rafael Chelim, diretor de sistemas incorporados na Strati e de Joana Maria, diretora executiva da VORTEX-CoLab.

A iniciativa “A Microeletrónica e os Desafios da Mobilidade e da Indústria Automóvel” decorreu no âmbito da Agenda da Microeletrónica e teve como principal objetivo o reforço da estratégia nacional e europeia da indústria de semicondutores.

A atividade esteve ainda integrada no programa do evento Automotive Summit 2024.

A Agenda Microeletrónica tem como objetivos promover um conjunto de projetos inovadores, de natureza complementar e mobilizadora, que fomentem uma maior capacitação tecnológica e produtiva do setor da Microeletrónica; reforçar as capacidades internas de I&D e Inovação das empresas do setor para que os produtos, tecnologias e processos desenvolvidos apresentem um potencial inovador de larga escala e, por último, promover, de forma transversal para todo o setor, atividades de transferência de tecnologia, cooperação internacional, atração de investimento e desenvolver atividades de formação e capacitação de recursos humanos.

A Associação de Empresas para uma Rede de Inovação em Aveiro (Inova-Ria), com sede em Aveiro, conta 21 anos no setor tecnológico português.