Movimentos de cidadãos contestam as políticas no setor da habitação.
O “Porta a Porta”, Movimento pelo Direito à Habitação, está desiludido com as medidas assumidas pelo BCE e pelo Governo quanto à evolução das taxas de juro e das rendas.
A manutenção dos valores das taxas de juros de referência foi tomada pelo movimento como “uma péssima decisão” e, a agravar o problema, o movimento diz que o Governo ao permitir o aumento do valor das rendas de acordo com a inflação que se cifra nos 7% vai complicar ainda mais a vida aos arrendatários.
E nem o reforço dos apoios ao pagamento de rendas convence o movimento que tem representação também em Aveiro.
“As famílias portuguesas já não conseguem suportar os custos da habitação”, resume o movimento que o ónus fica em cima de quem vive e trabalha em Portugal.
“Em Setembro deste ano nenhum distrito do país tinha um valor de renda médio inferior aos 500 euros - o salário mínimo nacional é 760 euros. Temos cerca de 4,9 milhões de pessoas trabalhadoras no país, destas, mais de 50%, isto é, cerca de 2,5 milhões de pessoas no nosso país recebem salários inferiores a 1.000 euros, uma percentagem que sobe para 65% no caso dos jovens com menos de 30 anos, segundo dados do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. Como é que se sobrevive? Como se pagam as contas ao fim do mês?”
O movimento promete luta no âmbito do debate sobre o Orçamento de Estado.
Diz que a banca e os fundos imobiliários continuam protegidos.
O “Porta a Porta” diz que vai reunir com movimentos sociais com intervenção na área da habitação para anunciar novas formas e momentos de luta.
O movimento “Casa para Viver” também se manifestou indignado com a opção do Governo.
“Vamos assistir ao maior aumento das rendas nos últimos 30 anos. São precisas respostas mais arrojadas”, revela este movimento que tem procurado mobilizar a população pelo direito à habitação.
“A recente decisão de não aplicar um travão ao aumento das rendas, poderá significar mais um aumento geral na ordem dos 7% já em janeiro – o maior aumento dos últimos 30 anos. Esta decisão é ainda mais incompreensível tendo em conta que no ano passado o mesmo governo aplicou o referido travão”.E nem o aumento do apoio ao pagamento de rendas escapa à crítica.
“Mais, ao propor um apoio extraordinário à renda, com o valor máximo de 200 euros mensais, a ser atribuído às famílias com taxas de esforço acima de 35%, o governo está na prática a subsidiar os aumentos colocando os contribuintes a suportar os valores especulativos. Ou seja, está a atirar mais gasolina para a fogueira da especulação imobiliária”.
O movimento Casa Para Viver – Aveiro considera “inaceitável” que o valor médio das rendas seja largamente superior ao salário mínimo nacional.