Dá que pensar, o resultado de um estudo, a propósito dos cinquenta anos do final do regime franquista em Espanha, que indica serem cerca de um terço os jovens que admitem viver num regime autoritário.

A internet que passou a ter dimensão mundial no final do século passado, foi vista como um extraordinário meio para a democratização da informação, onde todos por igual, podiam aceder ao conhecimento enriquecedor da consciência cívica dos cidadãos, proporcionando uma sociedade mais evoluída e equilibrada. Só que, como diz o ditado, nem tudo o que vem na rede é peixe. Na internet temos de tudo e nem tudo contribui para o dito enriquecimento da consciência cívica dos cidadãos. Os predominantes impulsos emocionais quase sempre conduzem a vibrantes e sedutores sítios que por sua vez degradam o integro conhecimento e a razão. A irreverencia juvenil não pode deixar de ser atraída pelo que é desconforme e desregulado que tendo uma carga tão forte, abafa a capacidade de avaliação critica do que inadmissível e nocivo. As redes sociais criam um aparente espírito de grupo que promove a partilha do que muitas vezes pode atrair para atenções desviantes e degradantes. Claro que nem tudo é lixo e a desinformação, a propaganda, a ingenuidade, a ausência de raciocínio, não começaram com a Internet, mas criou uma dimensão descontrolada.

O desejo de liberdade e o olhar irreverente que deseja ver de outra forma, não são compatíveis com regimes autoritários. Como podem então muitos jovens ser atraídos por modelos políticos que precisamente atrofiam a liberdade? Porque ser irreverente é contrariar o convencional e instalado regime democrático? Porque sentem insegurança? A Democracia tendo defeitos, podem ser agravados ou mitigados, mas como evitar o lixo da rede? Dá que pensar.