A Turismo Centro de Portugal (TCP) apresentou, na passada quinta-feira, no Centro de Artes de Águeda, o processo de certificação dos Caminhos de Santiago e firmou um protocolo de parceria com os municípios que fazem parte do Caminho Central Português.
O acordo prevê que a TCP seja a entidade gestora deste caminho, promovendo o processo de certificação no território da Região Centro, que envolve os seguintes municípios: Vila Nova da Barquinha, Tomar, Ferreira do Zêzere, Alvaiázere, Ansião, Penela, Condeixa-a-Nova, Coimbra, Mealhada, Anadia, Águeda e Albergaria-a-Velha.
No decorrer da sessão, a Associação de Peregrinos Via Lusitana apresentou o trabalho já realizado tendo em vista o processo de certificação deste caminho. Para além de definir as zonas de descanso de peregrinos e acautelar a limpeza e sinalética dos caminhos, será possível, com este processo de certificação, impulsionar o turismo religioso e incrementar o nível de atração dos territórios.
Jorge Almeida, Presidente da Câmara de Águeda, na abertura da sessão, frisou a importância de se associar ao turismo de cariz religioso a promoção dos recursos naturais e históricos do concelho, como o comboio do Vouga, as igrejas e capelas seculares ou ainda as paisagens naturais. “Águeda é um concelho conhecido também por este percurso dos Caminhos de Santiago, no entanto, a par dele podemos e devemos promover o que de melhor temos”, defendeu.
Na mesma linha de pensamento, Pedro Machado frisou que é possível associar ao património religioso outras atividades que têm uma forte componente turística associada. O Presidente da TCP declarou que mais de 350 mil pessoas fizeram este percurso em 2019, “o que quer dizer que em tese, em potência, podemos estar hoje a dizer que Águeda fica no circuito de mais 350 mil pessoas que estão para além daqueles que já visitavam estes territórios”.
Este indicador simboliza também “um manancial de crescimento muito intenso” e que permite criar dinâmica, atrair pessoas, divulgar o património, a gastronomia, a cultura, etc.
Entre os aspetos salientados no processo de certificação estão os albergues e a necessidade de uma manutenção regular dos caminhos. “Os peregrinos são, por natureza, pessoas que têm na simplicidade e na solidariedade valores elevados”, sendo que esperam o cumprimento de alguns requisitos mínimos, como “a manutenção dos caminhos, da sua segurança, da iluminação ou da limpeza”, frisou Pedro Machado, acrescentando que essas serão áreas centrais a ter em conta na estruturação deste caminho como produto turístico. O dirigente salientou ainda, neste âmbito, o trabalho que tem vindo a ser realizado, nos últimos, pelos municípios, de que é exemplo a sinalética deste caminho resultante de um protocolo firmado em 2012.
O objetivo maior neste processo é a candidatura do Caminho Português de Santiago a Património Mundial da UNESCO, uma avaliação que será repetida de três em três anos. “Nós queremos certificar, mas tão importante como isso manter esta certificação”, finalizou Pedro Machado.
De referir que o Caminho Central Português de Santiago tem um total de 210,3 quilómetros, divididos em nove etapas, sendo a 7.ª entre a Mealhada e Águeda (25,4 quilómetros) e a 8.ª unindo Águeda e Albergaria-a-Velha (17,0 quilómetros).
Segundo um estudo da TCP, em 2019 houve um total de 347.578 peregrinos que fizeram este caminho, a que corresponde um crescimento, em 8 anos, de quase o dobro (183.366 em 2011). Destes peregrinos, 51% são mulheres e 55% têm entre os 30 e os 60 anos; a grande maioria (327.281) faz o percurso a pé e 19.363 usa a bicicleta.
Ainda de acordo com os dados da TCP, 40% dos peregrinos faz o percurso por motivações religiosas, 49% por razões religiosas e outras e 11% por outras motivações.