Investigadores da UA vão estudar resiliência da floresta aos incêndios.

Uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro vai trabalhar no projeto de investigação FoRES - Desenvolvimento da Resiliência da Florestas aos incêndios num cenário de alterações climáticas.

Este projeto tem como objetivo a diminuição do potencial de propagação de incêndios florestais e é financiado pelo programa ambiente das EEA Grants.

Portugal vive, neste período, sob o signo do fogo, uma realidade que se generalizou desde a chegada da vaga de calor no final da primeira semana de julho. Com os incêndios ocorridos até 16 de julho de 2022, e segundo dados do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), terão ardido mais de 40 mil hectares, muito mais do que a área ardida em todo o ano de 2021 (pouco mais de 27 mil hectares).

O projeto FoRES, cujo principal objetivo é a promoção da resiliência das áreas florestais às alterações climáticas e incêndios florestais, arranca em outubro na UA, sob a coordenação do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), envolvendo investigadores do Departamento de Física, Departamento de Ambiente e Ordenamento e Departamento de Biologia.

Os parceiros do projeto incluem o Laboratório Colaborativo para Gestão Integrada da Floresta e do Fogo (ForestWISE) e um parceiro norueguês do “Norwegian Institute of Bioeconomy Research” (NIBIO).

O financiamento do projeto é feito através do Programa "Ambiente, Alterações Climáticas e Economia de Baixo Carbono" do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu 2014-2021 (EEA Grants) que contribui para a prossecução das prioridades da Política do Ambiente em Portugal: transição para uma economia circular, resiliente e neutra em carbono e valorização do território.

O FoRES destina-se a testar diferentes estratégias de gestão florestal para determinar qual delas maximiza a resiliência das áreas florestais à propagação de incêndios florestais, capacidade de sequestro de CO2 e retenção da humidade do solo.

David Carvalho, investigador do Centro de Estudos do Ambiente do Mar (CESAM) e do Departamento de Física da UA, que irá coordenadar o FoRES, explica que para tal irá ser usado um sistema acoplado de modelação da atmosfera-terra-vegetação-fogo, que envolve um modelo de simulação atmosférica que inclui efeitos relacionados com a vegetação e solo, associado a um modelo de propagação do fogo.

A zona de estudo será a Zona de Intervenção Florestal da Lombada, no município de Bragança, com 650 hectares, que faz parte da rede de Áreas Integradas de Gestão da Paisagem (AIGP).

O FoRES também contribuirá para mitigar a degradação do solo e a desertificação em áreas queimadas, investigando o risco de degradação do solo em cenários de clima e uso do solo futuros, com foco especial na severidade do incêndio, resiliência da vegetação/solo e erosão pós-incêndio, incluindo medidas de estabilização de emergência.

Este trabalho de investigação inclui uma forte colaboração entre a academia e os agentes locais e regionais, incluindo a Associação de Produtores Agrícolas Tradicionais e Ambientais (APATA) que gere a AIGP onde decorrerão os trabalhos de campo.

 

O que são as EEA Grants

 

Através do Acordo sobre o Espaço Económico Europeu (EEE), a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega são parceiros no mercado interno com os Estados-Membros da União Europeia.

Como forma de promover um contínuo e equilibrado reforço das relações económicas e comerciais, as partes do Acordo do EEE estabeleceram um Mecanismo Financeiro plurianual, conhecido como EEA Grants (Bolsas EEA).

As EEA Grants têm como objetivo reduzir as disparidades sociais e económicas na Europa e reforçar as relações bilaterais entre estes três países e os países beneficiários. Para o período 2014-2021, foi acordada uma contribuição total de 2,8 mil milhões de euros para 15 países beneficiários. Portugal beneficiará de uma verba de 102,7 milhões de euros.

 

Texto e foto: UA