Ílhavo: “Tenho muita fé e procuro transmiti-la mas sou humano e caio num certo desânimo. Isto vai passar. Creio que estamos a estabilizar" - Padre António Cruz.

O padre António Cruz, responsável pela paróquia de Ílhavo, admite tempos difíceis com as consequências da pandemia que entrou no Lar de S. José e não esconde que numa fase inicial houve pânico.

À data da entrevista o lar registava 10 falecimentos mas, entretanto, regista mais uma vítima.

Entrevistado por Maria João Azevedo, numa emissão especial do programa “Chá das Cinco” que será emitido esta sexta, o padre que dirige a obra social confessou momentos de “fraqueza” mesmo por parte de quem tem fé (com áudio).

“Tenho muita fé e procuro transmiti-la mas também sou humano e caio também num certo desânimo. Isto vai passar. Creio que estamos a estabilizar. Ver, lentamente, partir um atrás do outro é o mais difícil. É como se fossem família”.

A entrevista abordou a experiência de gerir uma instituição das mais afetadas na região e no país e o testemunho passa em revista o último mês.

“Já passamos por uma fase grave e agora as coisas estão um pouco mais estabilizadas. Gera-se o pânico e nós também o tivemos e agora vamos sabendo viver com esta situação. A nossa preocupação são os utentes. Tivemos que fazer a opção de separação. Tivemos que nos desdobrar”.

Numa fase inicial foram notadas as faltas de material mas com o tempo gerou-se uma onda solidária em que as ajudas chegaram. E em destaque uma equipa com recursos humanos de eleição.

“As coisas quanto ao material foram-se compondo. Os funcionários também foram sendo infetados. No lar estão 8 funcionários que optaram por viver lá. Está incomunicável. Não entra nem sai ninguém. Nem por telefone há contacto. Temos funcionários muito bons e muito dados à causa. Temos tido apoio social, médico e da área da saúde pública e de outras instituições particulares que têm dado ajuda”.

O pároco diz mesmo que uma das notas positivas é a solidariedade gerada.

O Património dos Pobres é um conjunto de três valências com a Obra da Criança, lar do Divino Salvador para mães solteiras vítimas de violência (10 agregados com um total de 23 pessoas) e o Lar de São José que tem acordo para 54 pessoas.

"Um grande agradecimento a todos os que ajudam a nossa e outras instituições".

 

 

Foto: O Ilhavense