Uma equipa de investigação da Universidade de Aveiro (UA) desenvolveu uma tecnologia inovadora menos dispendiosa para a deteção e quantificação da proteína C-reativa (CRP) em saliva, recorrendo à técnica de dispersão dinâmica de luz e a nanopartículas magnéticas. Esta tecnologia tem aplicação potencial em contexto clínico para a deteção e quantificação da proteína C-reativa tendo em vista o diagnóstico de doenças, em particular doenças inflamatórias. A equipa de investigação multidisciplinar, formada por Ana Luísa Daniel-da-Silva e Maria de Almeida António, do CICECO-Instituto de Materiais de Aveiro, e por Rui Vitorino, do IBIMED – Instituto de Biomedicina, dos departamentos de Química e de Ciências Médicas, desenvolveu um método que permite a deteção e quantificação da proteína C-reativa em saliva usando dispersão dinâmica de luz e nanopartículas magnéticas. Na prática clínica, a deteção e quantificação da CRP no soro sanguíneo é geralmente realizada através de técnicas de imunonefelometria ou imunoturbidimetria — métodos que detetam alterações na passagem da luz quando a proteína reage com anticorpos específicos —, mas que apresentam limites de deteção elevados. Também é possível recorrer à técnica de ELISA (ensaio de imunoabsorção enzimática) que permite a deteção de concentrações mais baixas de CRP. Porém, os testes ELISA são demorados, requerem o uso de anticorpos e de outros reagentes caros para o processamento da amostra, tornando a análise dispendiosa, e podem ainda ser complexos de executar. A presente invenção propõe um método de deteção menos dispendioso que a técnica de ELISA e com limite de deteção melhorado quando comparado com as técnicas convencionais. “As principais vantagens desta invenção são o facto de não necessitar de usar ligandos específicos e caros (como anticorpos habitualmente usados como elemento de reconhecimento) tornando o método menos dispendioso, bem como o baixo limite de deteção do método desenvolvido”, afirma a equipa que criou o novo método. Adicionalmente, acrescentam, “a testagem é feita com um fluído biológico de recolha não invasiva, a saliva”. A patente agora concedida a nível nacional resulta do trabalho desenvolvido no âmbito da tese de doutoramento de Maria António, realizada no Programa Doutoral em Nanociências e Nanotecnologia da UA, tendo a UACOOPERA – unidade de transferência de tecnologia e de apoio à valorização do conhecimento produzido na UA - acompanhado todo o processo de proteção deste resultado de I&D.
Patente da UA abre caminho a testes não invasivos de inflamação através da saliva.
04.11.2025
17:21
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