Diretor de ginecologia e obstetrícia do Hospital de Aveiro demite-se. (SIC)

O diretor do serviço de ginecologia e obstetrícia do Hospital de Aveiro apresentou esta terça-feira a demissão do cargo, numa decisão motivada pelas dificuldades em assegurar o funcionamento da urgência do serviço. A crise, que se arrasta há semanas, atingiu um ponto crítico com a impossibilidade de completar a escala médica para o mês de julho, que levou ao encerramento do bloco de partos, que só deverá reabrir amanhã de manhã.

Apesar de já ter apresentado a demissão, o diretor deverá reunir-se apenas na próxima semana com a administração da Unidade Local de Saúde (ULS) da Região de Aveiro. O Conselho de Administração confirma que a origem do problema está na recusa generalizada dos especialistas em realizar horas extraordinárias, situação que considera "extremamente gravosa para a população".

A urgência de obstetrícia e ginecologia encontra-se encerrada desde as 8h30 da manhã desta quarta-feira. Está previsto que volte a funcionar amanhã, quinta-feira, entre as 8h30 e as 24h, o que na prática significa um novo período de encerramento durante a madrugada seguinte.

Confirmam as dificuldades. O mapa está praticamente vazio até ao próximo domingo, dia 6 de julho. Caso não se consiga contratar obstetras prestadores de serviços até lá, poderá haver mais quatro dias consecutivos de encerramento.

A ULS de Aveiro admite que o período de férias, aliado à elevada procura por parte de outras unidades hospitalares, está a tornar quase impossível encontrar profissionais disponíveis.

No portal do Serviço Nacional de Saúde, a informação sobre o encerramento da urgência continua pouco clara. Apenas os horários regulares de funcionamento estão visíveis, sem indicação explícita do fecho temporário.

Para já, a falta de médicos afeta exclusivamente o funcionamento da urgência. As consultas externas e os internamentos de ginecologia continuam a decorrer normalmente no Hospital de Aveiro. Ainda assim, a demissão do diretor e a ausência de solução à vista deixam o serviço em situação delicada, com consequências diretas para as grávidas e utentes da região.

 

 

 

 

Texto: Catarina L. Carvalho