Estudante da UA desvenda relações entre associações de estudantes e partidos políticos.
Como são as relações entre as associações de estudantes do Ensino Superior e os partidos políticos? Que objetivos têm essas relações? Que causas são negociadas?
Beatriz Bastião, estudante do Mestrado em Ciência Política da Universidade de Aveiro (UA) desvenda, na tese de mestrado, algumas das ligações entre associações e partidos.
Os partidos políticos são peças centrais na sociedade e na política portuguesas, particularmente face a especialmente diante de uma sociedade civil caracterizada por movimentos associativos fracos e um número relativamente baixo de organizações da sociedade civil.
O movimento associativo estudantil destaca-se não apenas pela sua importância entre os jovens, mas também pelas suas lutas e causas que têm estimulado a politização dos jovens.
Ao procurar assumir um espaço relevante na definição de políticas públicas, através de ações de participação política, o movimento estudantil passa a ocupar um espaço relevante para os partidos políticos.
Tal dinâmica incentiva a possibilidade de estabelecimento de ligações entre essas estruturas, embora a natureza precisa dessas relações ainda não esteja totalmente clara, como salientado na tese de Beatriz Bastião, estudante do Mestrado em Ciência Política da UA.
O trabalho pretendeu estudar a relação entre o movimento associativo estudantil do Ensino Superior e os partidos políticos em Portugal.
Para tal, Beatriz Bastião entrevistou 18 presidentes e ex-presidentes de estruturas associativas estudantis, cobrindo todo o território nacional.
Com base nestas entrevistas, Beatriz Bastião procurou identificar formas de interação, estratégias e dinâmicas de poder e de influência entre estas estruturas e os partidos políticos.
O estudo permitiu, ainda, explorar os efeitos destas relações para as estruturas associativas estudantis.
“Os entrevistados admitem tentativas de exercício de influência sobre partidos políticos. Em alguns casos, também se verificaram tentativas de exercício de poder”, diz Beatriz Bastião, cujo trabalho teve como orientadora Patrícia Silva, politóloga e investigadora do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da UA.
Por outro lado, desvenda a estudante, “presidentes e ex-presidentes sentiram também que os partidos procuram exercer influência e poder sobre a sua estrutura”.
Estes exercícios de influência passam “pela inserção de militantes do partido nos órgãos sociais da estrutura académica estudantil, pela interferência partidária nas eleições para a estrutura, pela definição da agenda política da associação estudantil, pela aproximação pessoal à figura do presidente e pela criação de movimentos de oposição à direção da estrutura académica com apoio partidário”.
Com base nas entrevistas realizadas com atuais e ex-responsáveis associativos, Beatriz Bastião destaca que a perceção que estas estruturas apresentam sobre as interações com os partidos políticos.
De acordo com estes dirigentes, os partidos usam procuram “usar estas interações como um veículo de representação e articulação com os eleitores, alcançar os objetivos definidos em campanha eleitoral, captar talento para os quadros dos partidos e influenciar a opinião pública no meio estudantil”.
A relação entre os partidos e as estruturas estudantis não é, contudo, unidirecional.
Com efeito, as estruturas estudantis também assumem procurar estabelecer pontes com os partidos políticos, ainda que este esforço seja canalizado sobretudo para os partidos no governo.
Os dirigentes associativos admitem “preferir cooperar com os partidos políticos e, na sua maioria, rejeitam estratégias de separação, competição ou conflito”.
Os entrevistados afirmam que, em anos recentes, “o Governo tem procurado ouvir mais o movimento associativo estudantil, pelo que sentem que as suas reivindicações são mais consideradas”.
Texto e foto: UA