Aveiro: Autarquia dá passos para recuperar o Lago do Paraíso. Desporto e turismo às portas da cidade.

A Câmara de Aveiro está a preparar um concurso para escolher o projetista que vai elaborar o estudo prévio para recuperar o Lago do Paraíso, junto à cidade, revelou esta quarta fonte municipal.

Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Aveiro, Ribau Esteves, disse estar em preparação os termos de referência de um concurso para escolher o projetista que vai elaborar o estudo prévio para recuperar o Lago do Paraíso.

Em 1964, Felicien Perez ganhou no Lago do Paraíso, em Aveiro, o Grande Prémio Internacional de Motonáutica, na classe EU-Competição, e Manuel Alves Barrosa ali mostrava aos conterrâneos porque era considerado o melhor piloto português.

Hoje, às portas da cidade de Aveiro, o lago já não dá nem para andar a remos e na maré vazia é um imenso lodaçal, devido à ruína das motas ou muros que o delimitavam, provocada pelo abandono das salinas confinantes.

Por ali habita, além de outras aves, uma comunidade de flamingos, pelo que questões de preservação ambiental afastam do horizonte o regresso a provas de motonáutica.

O autarca quer recuperar o Lago do Paraíso, mas para que ali possam conviver atividades turísticas, culturais, desportivas e ambientais.

Ao contrário dos desportos motorizados, Ribau Esteves admite que a prática da vela, que também lá teve competições, possa voltar ao Lago, mas a vela de "pequeno porte", a par do remo e da canoagem.

"É preciso fazer um trabalho de reperfilamento das suas margens porque a erosão e o abandono das marinhas de sal destruíram as motas (muros) de todas as salinas na envolvente, que estão afundadas e, portanto, a água das marés entra e sai", descreveu o presidente da Câmara de Aveiro.

Além das obras hidráulicas, que se devem estender do canal do Paraíso até ao Rio Boco (canal de Ílhavo), a Câmara de Aveiro quer também que o estudo prévio a concurso incida sobre a definição dos usos para o lago.

"É preciso tomar decisões, até para definir cotas de dragagem", afirmou Ribau Esteves, antevendo que a intercessão do canal do Paraíso com o Boco possa necessitar de uma nova comporta, "para fazer a regulação do caudal que entra e sai e assegurar uma toalha de água permanente".

Quanto ao futuro, Ribau Esteves revelou que a ideia de base "é voltar a ter desportos náuticos sim, mas modalidades que se relacionem de forma saudável com a natureza", e investimentos turísticos "de baixa densidade, que propiciem a possibilidade de fruir aquela zona".

Alguns "apontamentos" de alojamento local, "numa ambiência equilibrada com a natureza" e "turismo agregado à produção de sal" são alguns projetos privados para as imediações do lago, nomeadamente em duas marinhas que a Câmara de Aveiro vendeu, além da divulgação científica que já é feita numa outra marinha que pertence à Universidade de Aveiro.

 

Texto: Lusa