Um CRO em Aveiro – Uma necessidade incontornável
No passado dia 12 de setembro, foi a vez dos candidatos à Câmara Municipal de Aveiro protagonizarem um debate na RTP, onde foram discutidos diversos temas e problemas que afetam o concelho, tais como a crise na habitação.
O tema mais polémico e que acendeu a discussão, foi a construção, na frente Ria da cidade, de um hotel com 12 andares. A discórdia ficou evidente no debate inflamado, marcado por opiniões opostas.
Ora, para minha surpresa e alguma indignação, certamente não só minha, nenhum dos candidatos mencionou a urgente necessidade de um canil municipal (CRO) no concelho de Aveiro.
Como foi referido, existem diversos terrenos municipais sem destino definido, logo, nalguma freguesia do concelho deverá existir algum que posso servir para albergar um CRO, uma evidente mais-valia para a recolha e abrigo dos animais que são abandonados à sua (pouca) sorte e que deambulam pelos lugares e campos do Concelho.
Uns dos candidatos até referiu que na freguesia de São Bernardo existe o terreno de um serviço de saúde, abandonado há mais de 30 anos, que serviria como boa solução.
Um CRO em Aveiro é uma necessidade, para os animais, para os amigos dos animais e para toda a população. Recolher, alojar, cuidar e recuperar os animais visando a adoção consciente esses animais abandonados é a melhor alternativa.
Matilhas, animais assilvestrados, ou animais em péssima situação alimentar e sanitária a vaguear pelas ruas é algo que ninguém quer. O ICNF divulgou um estudo do ano de 2023, elaborado por iniciativa da Universidade de Aveiro, segundo o qual existiam, em Portugal, mais de 930 mil animais abandonados/errantes, dos quais 830 mil gatos e 101 mil cães.
São dados alarmantes. Aveiro tem a sua quota parte nestes números. Certamente que, onde quer que venha a ficar, o futuro CRO, não provocará danos à paisagem, nem ao ambiente, nem à qualidade de vida do Concelho que se comparem com o tal hotel/torre, caso se venha a concretizar.
Quando sublinhei acima que nenhum candidato autárquico de Aveiro abordou a necessidade de um CRO, fi-lo com a certeza de que essa questão, deve estar, como outras, no centro do debate político local.
Senão vejamos uma das competências municipais: “Assim, compete às câmaras municipais, atuando dentro das suas atribuições nos domínios da defesa da saúde pública e do meio ambiente, proceder à captura dos cães e gatos vadios ou errantes, encontrados na via pública ou em quaisquer lugares públicos, utilizando o método de captura mais adequado a cada caso, estabelecido em conformidade com o previsto no D.L. n.º 276/2001, de 17 de outubro, na sua versão atual, fazendo-os recolher ao canil ou gatil municipal, que deverá estar munido de infraestruturas e equipamento adequados e de pessoal devidamente preparado para o efeito (n.º 1 e n.º 2, artigo 8.º, da Portaria nº 146/2017, de 26 de abril).”
Esta competência é ignorada em Aveiro ao contrário do que acontece no concelho vizinho de Ílhavo, à beira-mar plantado, mas que não teve direito a debate no canal público de televisão.
O CROACI – Centro de Recolha Oficial de Animais de Companhia de Ílhavo, para canídeos e felinos, não só existe como tem vindo a crescer.
Podendo não ser o melhor exemplo do mundo o CROACI tem tido pernas para andar e progredir, podendo constituir uma referência próxima para o que há a fazer em Aveiro.
Porque um CRO em Aveiro é uma necessidade incontornável.
Marta Azevedo Tratadora de animais no CROACI Auxiliar de Medicina Veterinária