Sindicato dos Enfermeiros rejeita opções do Ministério da Saúde para o setor.

O Sindicato dos Enfermeiros rejeita a opção do Ministério da Saúde e aponta a falta de transparência no processo negocial pelo facto de, até ao seu final, nunca foi facultado a totalidade do alcance da proposta do Governo/Ministério da Saúde.

Sobre a iniciativa do Governo/Ministério da Saúde de centralização de serviços de urgência, a nossa apreciação:


 

  • Não é vantajoso para os cidadãos a redução de pontos de contacto de proximidade a cuidados de saúde, nomeadamente serviços de urgência e, em especial, no âmbito da Saúde Materno Infantil;
  • A medida agora adotada é mais uma medida “avulso” com o objetivo de resolver um problema que, por se ter tornado de tal maneira visível na opinião pública, foi avançada esta solução;
  • O reforço do Serviço Nacional de Saúde exige que sejam tomadas medidas em toda a sua latitude e, desde logo, nos Cuidados de Saúde Primários enquanto área que deve privilegiar o acompanhamento e vigilância das pessoas, desde o nascimento até à morte, aprofundando a sua visão holística, atrasando o aparecimento de sinais e sintomas de doença e, consequentemente, garantir que só acede a um serviço de urgência quem dele precisa; 
  • O período experimental de 2 anos invocado pelo Ministério da Saúde para esta centralização de urgências e encerramento de outras, caso não sejam acompanhadas de medidas de contratação de profissionais, valorização das carreiras e outras medidas, como por exemplo, a adoção de um regime de exclusividade vai tornar-se em mais uma medida definitiva. Só desta forma se compreende que o Ministério da Saúde assuma que a centralização das urgências acontecerá por Despacho, em função da sua perceção das necessidades;
  • A atual realidade de diminuição de profissionais de saúde especializados nesta área, a Saúde Materno Obstétrica, teria resolução caso existisse uma efetiva valorização das carreiras profissionais e as expectativas dos profissionais não sejam, sistematicamente, defraudadas, nomeadamente no que diz respeito ao acesso a categorias superiores, nas carreiras. Relembramos que até à data ainda não foram aprovados os Planos de Desenvolvimento Organizacional de nenhuma Unidade Local de Saúde, impedindo a abertura desses concursos;
  • Inaceitavelmente, o Ministério da Saúde transfere para os profissionais o aumento da responsabilidade pelo risco que decorre das deslocações em viatura própria, para a urgência centralizada prevendo apenas a aplicação do regime de abono de ajudas de custo e,
  • Relativamente à urgência externa centralizada (pressupõe urgências de outras especialidades médicas, por exemplo, de ortopedia, de radiologia, etc) o Ministério da Saúde impõe que deslocalização de TODA A EQUIPA;
  • No âmbito destas deslocações o Governo acolheu a proposta de considerar como tempo efetivo de trabalho o tempo de duração da deslocação entre a ULS de origem e a de destino relativamente à urgência centralizada, mas não relativamente às urgências externas centralizadas.

 

Finalmente, consideramos inaceitável que o Ministério da Saúde nunca tenha disponibilizado a totalidade dos projetos de diploma sobre as Urgências Centralizadas e os Centros de Elevado Desempenho na área da Obstetrícia e Ginecologia.

Sobre este último, ainda que de adesão voluntária, reiteramos o nosso desacordo por, mais uma vez, o Ministério da Saúde recorrer a remunerações acessórias dependentes de indicadores de produtividade, até ao momento desconhecidos. 

Relativamente aos critérios que determinaram a proposta de incentivos de 30% para enfermeiros e 50% para médicos, ficou claro que a foram apenas critérios políticos o que demonstra a forma como o Ministério da saúde e o Governo continuam a olhar para o papel dos enfermeiros.

 

Texto: Sindicato dos Enfermeiros