Dia Mundial da Fisioterapia 2025

Dia Mundial da Fisioterapia 2025

No dia 8 de setembro celebra-se o Dia Mundial da Fisioterapia. Este ano, o tema é Envelhecimento Saudável e a Prevenção das Quedas.

O debate sobre este tema é muito importante, até porque, segundo os historiadores, o primeiro sinal de humanidade registado foi a descoberta do esqueleto de uma mulher com consolidação do fémur (osso da coxa), mostrando que a comunidade foi capaz de ser solidária com aquele ser humano, incapaz de caminhar durante um longo período de tempo.

Essa questão continua a colocar-se: o que é que a sociedade está disposta a fazer para manter os idosos dentro da comunidade? Será responsabilidade das juntas de freguesia? Das câmaras? Das universidades seniores? Das IPSS? Dos centros de saúde?

Na verdade, falta uma organização que una todas estas instituições para que a resposta seja abrangente e adaptada à realidade de cada idoso.

Na maioria das vezes, o investimento é feito nas consequências deste envelhecimento e raramente na prevenção. Só depois de o idoso perder alguma da sua independência ou qualidade de vida é que se tende a procurar soluções para um envelhecimento saudável.

O envelhecimento saudável está muito ligado às universidades seniores, que têm um papel fundamental para as pessoas que as frequentam. 

No entanto, grande parte da nossa população sénior não concluiu sequer a escola primária, quanto mais frequentar uma “universidade”... É preciso desmistificar o conceito de “universidade sénior”. Por outro lado, há municípios onde nem sequer existe este tipo de instituição.

O que motiva um indivíduo a sair do conforto e da rotina de casa é diferente de pessoa para pessoa. Por isso, é fundamental que haja diversidade de atividades, estímulos e intensidades, complementadas por profissionais competentes capazes de diagnosticar e estimular as capacidades que estejam a envelhecer mais rapidamente.

Para isso, os centros de saúde desempenham — ou deveriam desempenhar — um papel fundamental no sentido de encaminhar os idosos, precocemente, para instituições que verdadeiramente envolvam as pessoas séniores, mantendo-as dentro da sociedade.

Algumas destas instituições têm fisioterapeutas nos seus quadros, desempenhando um papel essencial no atraso da sarcopenia (perda de massa muscular), diminuição do equilíbrio, redução de problemas cardiorrespiratórios e estimulação cognitiva. É certo que muitos outros profissionais de saúde podem exercer esta função, mas hoje não é dia para fomentar essa discussão.

Os cientistas já provaram, inúmeras vezes, que aquilo que mais acelera o envelhecimento é o sedentarismo e a rotina. Como tal, é fundamental incutir nos adultos seniores o hábito de sair de casa para realizar atividades que exijam algum esforço físico e estímulo cognitivo.

Por exemplo, caminhar numa passadeira ou sempre no mesmo local é benéfico, mas não oferece estímulo cognitivo. Trabalhos manuais como renda, bordar, pintar ou ler são ótimos, mas não oferecem estímulo físico.

Os fisioterapeutas, para além do conhecimento em reabilitação nas áreas músculo-esquelética (artroses), neurologia (acidentes vasculares cerebrais), cardio-respiratória (enfartes), vascular (amputações) e anestesia (dor), também possuem competências na área da diabetes, obesidade, hipertensão e, sem dúvida, são os profissionais da atividade física que tratam através do movimento — organizando aulas, atividades, exercícios e protocolos adaptados às várias dificuldades típicas do envelhecimento.

Através da medição de certos sinais e da utilização de escalas simples de equilíbrio e de avaliação cognitiva, os fisioterapeutas são capazes de criar atividades cativantes e desafiantes para os seniores.

O trabalho com esta população é muito desafiante, pois os ganhos são lentos e apenas mensuráveis ao fim de vários meses. Na maioria das vezes, o objetivo é evitar a perda de capacidades ou, pelo menos, diminuir o ritmo dessa perda. Em alguns casos, é possível medir o sucesso pela redução de idas às urgências e/ou consultas.

Um dos sinais mais evidentes do envelhecimento humano são as quedas, cuja incidência aumenta 20% a partir dos 60 anos e 30% a partir dos 70. A principal consequência dessas quedas são as fraturas — sendo as do fémur as mais incapacitantes e letais. Em 2020, 20% dos idosos com fratura do fémur morreram no primeiro ano após a lesão.

Neste dia 8 de setembro, vamos dar os parabéns aos fisioterapeutas que não só ajudam na reabilitação na fase aguda do envelhecimento, mas principalmente àqueles que trabalham a favor de um envelhecimento ativo.


João Carvalho

Fisioterapeuta