O PAN diz que a concentração de mais de 10 milhões de euros na obra do Rossio é uma afronta num quadro geral de pandemia e de graves carências nas freguesias do concelho.
João Almeida, da Comissão Política Concelhia do Pessoas - Animais – Natureza, de Aveiro, compara o montante com as Grandes Opções do Plano de 2020 que assumem um valor de cerca de 90 milhões de euros.
“É de facto lamentável concentrar tantos recursos públicos dos contribuintes aveirenses num espaço de poucas dezenas de metros quadrados. O concelho vai de São Jacinto a Nossa Senhora de Fátima, não se limita ao núcleo urbano de Aveiro, e os habitantes destas freguesias também pagam impostos”.
Para João Almeida, os recursos financeiros são escassos e essenciais ao desenvolvimento de “outras opções que deveriam ser prioritárias para o município”, sugerindo a aposta numa “mobilidade eficiente baseada em redes pedonais e cicláveis de qualidade integrados num sistema de transportes coletivos frequentes e abrangentes”.
Deixa mesmo um desafio para a antecipação de metas ambientais.
“Ou por exemplo, para o desenho e execução de um Roteiro Municipal para a Neutralidade Carbónica, que permita a descarbonização do município antes de 2050. Ou para a construção de uma Cidade Verde, com espaços públicos renaturalizados que permitam às pessoas usufruir do exterior das suas habitações, especialmente em situações excecionais como é o caso desta pandemia. Ou ainda para a proteção e bem-estar animal, área que o executivo camarário continua a ignorar, não proporcionando a dignidade mínima aos animais errantes do concelho. Ou para a Cultura, Educação, Saúde, Digitalização”.
Caso se mantenha essa aposta, o dirigente do PAN diz que vai ser difícil explicar que não há dinheiro sempre que a exigência se levantar.
“Cada vez que o executivo camarário disser que não há dinheiro para estas e outras prioridades, podemos lembrar: então e os 12 milhões para tapar o buraco do Novo Banc… Rossio?”
E em jeito de lembrança, recorda a aposta do antigo autarca de Ílhavo no estacionamento do centro cultural.
“Quem atualmente usufrui e visita o coração de Ílhavo facilmente constata o excesso de tráfego automóvel que ali flui através da antiga Nacional 109 e da Avenida 25 de Abril. As dezenas de habitações e edifícios históricos desocupados ou em ruínas aí presentes são reflexo da falta de qualidade de vida, resultantes da poluição sonora e atmosférica e, principalmente, da inexistência de espaço público projetado à escala humana. Em curso está também a requalificação dessa zona, em particular do Jardim Henriqueta Maia, para tentar trazer uma nova vida à cidade, mas por mais que tentem reabilitar, enquanto não alterarem o paradigma de mobilidade e de ocupação do espaço público, a situação não vai melhorar”.