Polémica na abertura do ano letivo em Ílhavo com queixas de encarregados de educação sobre a gestão das atividades de enriquecimento curricular e candidaturas a tomar posição sobre um tema que abriu discussão pública a poucas semanas das eleições.
Famílias alegam que as AEC não devem ser obrigatórias e podem colocar em risco as atividades asseguradas pelas próprias associações de pais.
Há mesmo um abaixo-assinado que recolhe assinaturas a pedir a reavaliação da medida.
Alegam que tal obrigatoriedade é condição para as crianças poderem beneficiar da componente de apoio à família.
A petição “em defesa do direito das crianças a brincar”, apresentada pela Associação de Pais e EE do Centro Escolar da Coutada e pela Associação de Pais da Chousa Velha, é dirigida ao Presidente da Câmara de Ílhavo, à Diretora do Agrupamento de Escolas de Ílhavo e ao Ministro da Educação.
É assumido e elogiado o direito às Atividades de Enriquecimento Curricular (AECs) como “medida positiva” enquanto “oportunidade para muitas famílias que não têm possibilidade de oferecer certas experiências fora do horário escolar” mas reclamam liberdade de escolha, sem imposição de modelo.
“As crianças do 1.º ciclo que não se inscrevem são obrigadas a sair da escola às 16h, sem poder permanecer no espaço escolar em tempo livre. Mesmo quando a Associação de Pais se disponibilizou a assegurar funcionárias para garantir a vigilância nesse período, no mesmo espaço onde decorrem as AAAF, seguro e já preparado para as crianças, a solução foi recusada”, refere o dito abaixo-assinado.
Os pais falam em “privação do tempo livre” forçando as crianças a escolher entre mais aulas ou sair da escola quando nem todas as famílias apresentam essa disponibilidade.
Entre os argumentos apresentados as associações de pais dizem que não há verdadeira liberdade de escolha, não há alternativa de permanência em tempo livre, mesmo com soluções já asseguradas pela Associação de Pais, e o dia escolar ameaça tornar-se uma “sequência de atividades dirigidas, sem espaço para imaginação, criatividade ou descanso” temendo “impacto na saúde mental”.
Um quadro que os pais admitem acarretar o possível aumento de “comportamentos disruptivos”, “saturação” e “desgaste emocional” com o “enfraquecimento da autonomia infantil”.
“Brincar não é perder tempo. Brincar é aprender, crescer, desenvolver competências sociais, emocionais e cognitivas. A ausência deste espaço reflete-se no bem-estar, na saúde mental e até no comportamento dentro e fora da sala de aula”.
As duas associações assumem que as AECs são “mais-valia para quem as deseja frequentar” mas reclamam espaço para as crianças que não precisam ou não querem uma hora extra de atividades estruturadas.
Uma mudança que pode colocar em causa os quadros de funcionários ao serviço de cada Associação de Pais.
A candidatura da AD, liderada por Rui Dias, anuncia que vai reunir, amanhã, com todas as associações de pais do concelho para ouvir as suas posições, apresentar a sua visão para o funcionamento das Atividades de Enriquecimento Curricular e discutir o modelo educativo proposto no programa eleitoral.