Governo admite confinamento até Março.

Marta Temido confirmou, esta terça-feira, que o confinamento se vai manter até ao final de fevereiro, admitindo que se possa estender até ao meio de março.

A ministra da Saúde sublinhou que, "apesar destas medidas estarem a produzir resultados, é bastante evidente que o atual confinamento tem de ser prolongado por mais tempo. Para já durante fevereiro, depois será avaliado, mas provavelmente por um período que os peritos estimaram de 60 dias a contar do seu início". Ou seja, até 22 de março - as escolas fecharam a 22 de janeiro.

Segundo a ministra, os especialistas presentes na reunião indicaram que esse será o intervalo de tempo necessário para reduzir a ocupação dos cuidados intensivos para menos de 200 camas e diminuir a incidência acumulada de casos para 60 por 100 mil habitantes. No entanto, Marta Temido remeteu para mais tarde uma decisão final sobre o prolongamento do confinamento.

A governante falou também de uma "tendência decrescente" do número de hospitalizações, internamentos em cuidados intensivos e mortes, embora a descida destas últimas esteja ainda "numa fase mais atrasada". A R(t) (que mede o número médio de contaminações geradas por cada infetado) está, agora, nos 0,82.

Marta Temido vincou ainda que o confinamento também teve impacto na incidência da variante inglesa. Em janeiro, o Instituto Ricardo Jorge tinha previsto que, por esta altura, a referida estirpe fosse responsável por cerca de 65% dos contágios, mas as medidas restritivas fizeram com que não ultrapasse, para já, os 16%.

No final da reunião, soube-se que o epidemiologista Manuel Carmo Gomes - que fez uma intervenção bastante crítica das medidas do Governo - deixará de falar nas reuniões do Infarmed. Marta Temido explicou que a decisão se deveu a motivos de agenda profissional do próprio e, ao Público, Carmo Gomes pediu que não se faça nenhuma "exploração política" do assunto.

O deputado do PSD, Ricardo Batista Leite, elogiou, no Twitter, o contributo "decisivo" do trabalho de Carmo Gomes, agradecendo-lhe o "serviço público" que tem prestado.

Em resposta às críticas de Manuel Carmo Gomes - que considerou que o Governo tem corrido sempre "atrás da pandemia" e reforçou a necessidade de aumentar a testagem -, Marta Temido referiu que os testes são feitos com base em "critérios técnicos" definidos pela Direção-Geral da Saúde.

A ministra revelou que o próprio Governo tem insistido, junto do referido organismo, na necessidade de "alargamento" da testagem. Em concreto, Temido pretende que os contactos sejam rastreados "independentemente do grau de risco" e considera esta uma "boa oportunidade" para rever os critérios - até porque, reforçou, as condições de testagem são hoje "muito superiores" do que eram no passado.

No entanto, a governante negou que o aumento do número de testes seja uma "alternativa" ao confinamento.

 

 

 

Fonte: Lusa