Os vereadores do Partido Socialista na Câmara de Aveiro consideram que em tese a ideia de alterar o zonamento e tarifário do estacionamento na cidade pode ser positivo para dissuadir o uso desnecessário do automóvel mas diz que a maioria mete o “carro à frente dos bois” por atualizar o tarifário sem apresentar alternativas à altura.
As críticas vão para a falta de parques periféricos e falta de alternativas robustas de transporte público.
Num texto que detalha a visão do PS sobre este problema, os vereadores falam em “visão desequilibrada” com “penalização da procura”, uma vez as medidas complementares do lado da oferta, “são escassas” e sem grande efeito no modelo de mobilidade dominante, assente no automóvel.
E falam em contradição acusando a maioria de tirar o tapete aos automobilistas que sempre foram sendo incentivados ao uso de viatura própria.
A posição dos vereadores tem em conta as melhorias no espaço público da cidade e a redução do estacionamento mas com o crescente aumento da procura Aveiro corre o risco ver aumentar o estacionamento abusivo.
O esquema de reafetação do estacionamento às categorias (A e B) e a redefinição dos seus tarifários têm como objetivo principal aumentar a rotatividade do estacionamento nas zonas mais centrais da cidade – sobretudo nas Zonas A - com um aumento maior de tarifa superior relativamente às zonas adjacentes a estas (Zonas B).
Para o PS, o problema está na sobrecarga de zonas já esgotadas algo que vai piorar sem a criação de novas alternativas de estacionamento.
“A Câmara está a fazer um teste de stress ao sistema de mobilidade, que apenas poderá resultar num aumento de estacionamento abusivo e num aumento da concorrência por estacionamento nas zonas residenciais envolventes ao centro (envolventes à piscina do Sporting, Bairro do Alboi e Baixa de Santo António, Barrocas e lateral à Estação da CP)”, afirmam os vereadores do PS.
Um quadro que tendencialmente vai continuar a piorar com as obras no bairro da Beira-Mar, a perda de lugares na envolvente à Fábrica Campos e à Fonte Nova, junto ao Oita e junto ao Mélia.
“Ou seja, o executivo faz depender o estacionamento de parcelas já comprometidas para uso urbanístico. Nestas, será obrigatório o surgimento de estacionamento público, mas num futuro longínquo e, por isso, transfere-se, em todo o caso, a gestão do estacionamento público para o foro privado”, sublinha o PS.
Três dos quatro Parques de Longa Duração foram absorvidos por zonas B, restando apenas o do Autocarro-Bar mas o PS lembra que também esse foi alienado e, embora mantendo estacionamento, será sujeito a cada vez maior pressão.
“Esperava-se que a Câmara aumentasse a oferta deste estacionamento periférico, articulando-o com transportes públicos, mas esta limita-se a gerir a oferta que já tem, entregando o resultado completamente à adaptação dos utilizadores”, refere o PS que sugere aproveito do parque das Feiras, articulado com oferta minibus para atrair utilizadores, e uma solução semelhante no topo da Estrada de São Bernardo, no seu encontro com a Avenida Europa e em pontos similares das entradas na cidade.
“Ou seja, a transferência de viagens podia e devia ser feita pelo lado “positivo”, revelando-se uma opção confortável para o utilizador, e não, como previsto, uma ação sancionatória, que se transformará em quilómetros e minutos à procura de estacionamento no centro da cidade. Com o consequente aumento de engarrafamentos e de emissões de CO2”.