A campanha eleitoral em Ílhavo segue dedicada aos contactos porta a porta, nas quatro freguesias do concelho, e as interações entre candidatos centram-se no exercício de quatro anos sob maioria independente.
João Campolargo está a cumprir um roteiro por obras públicas concluídas e em curso para mostrar que o movimento “Unir para Fazer” foi capaz de cumprir com metas traçadas há quatro anos mas enfrenta a reclamação de quem assinala como visíveis “obras de última hora”.
Um confronto de ideias em torno do exercício e que o autarca de freguesia da Gafanha da Nazaré, número dois da lista pela AD à Câmara de Ílhavo, diz ser visível apenas em final de mandato.
“Estivemos 4 anos à espera de pavimentações na Freguesia. Finalmente a 5 dias das Eleições Autárquicas, elas aí estão”, disse Carlos António Rocha a propósito do trabalho iniciado há dias na rua D. Manuel Trindade Salgueiro na Gafanha da Nazaré.
O discurso em tempo de campanha confunde-se com muitas das frases ouvidas nos palcos de debate político.
Para AD e PS, desses quatro anos ficam registos de falta de obra, obras mal planeadas e prioridades pouco claras e sem compromisso definido.
Para a maioria independente, o roteiro pelos estaleiros nas empreitadas PRR (escolas e centros de saúde) e reabilitações acompanham a festa de rua, com música, trio elétrico e imagens coloridas.
João Campolargo chama a atenção para obras de modernização em equipamentos municipais e deixa “bicadas” à herança do PSD.
À porta da piscina municipal de Ílhavo explicou que a obra foi mais profunda do que inicialmente se pensava.
“Contente com esta obra. Isto é quase uma piscina nova”, afirmava o autarca em vídeo de campanha, secundado pelo vice presidente, João Semedo.
“Em Ílhavo quase ninguém se recorda de quando é que esta piscina foi pintada”.
Com o atraso em empreitadas, existe preocupação pelo reconhecimento que os cidadãos possam fazer do exercício.
Mariana Ramos, vereadora da equipa independente, reconhece que há muito trabalho invisível que o eleitorado pode não estar a considerar.
“Contas feitas, em pleno final de quadro comunitário de ajudas com acesso a financiamento vedado grande parte do mandato, projetámos, captámos investimento. Material e imaterial. Aos olhos de alguns, foi pouco. Pois eu gostaria de ver o muito que fariam em igualdade de circunstâncias”.
A resposta da Aliança Democrática procura afirmar o projeto, por setores, com abordagens temáticas, junto dos diferentes públicos, com destaque para o setor da educação, e, ontem, não passou despercebida a presença da caravana à porta da Câmara de Ílhavo, em saudação aos funcionários autárquicos, numa máquina várias vezes apontada como “símbolo do descontentamento”.
Ali perante centenas de funcionários deixou um programa alusivo aos próprios funcionários públicos.
Rui Dias tem percorrido os arruamentos do concelho em campanha à moda antiga, feita de contactos diretos, assumindo caminhada “contra a inércia”.
Numa corrida “palmo a palmo” juntou a bandeira e os “ativos” do CDS para uma contagem em que todos os votos podem fazer a diferença.
O Partido Socialista deixa transparecer uma corrida com menos “tensão”, mais tranquila e apostada em levar a mensagem no contacto direto dos protagonistas com os eleitores.
Se no início da caminhada, era apontada a falta de visibilidade da candidata à Câmara, os debates e a presença no espaço público colocaram Sónia Fernandes como um dos rostos mais visíveis da campanha, sempre com a presença de equipas locais, nas freguesias, ao lado dos candidatos às Juntas.
Domingos Vilarinho, Sérgio Magueta, Maciel Julião e Sofia Creoulo lideram o “porta a porta” e surgem como os rostos mais familiares dessa política de proximidade em que o discurso mais do que para o Município é dirigido às freguesias.
As mensagens estão mais concentradas nas propostas do Partido Socialista do que nas avaliações ou nos recados políticos para os adversários.
A CDU cumpre o clássico dos mercados com mensagens sobre o programa e o Chega mantém uma presença discreta assente sobretudo nos cartazes e na figura de André Ventura ao lado do candidato à Câmara, Fernando Ferreira, cuja presença no espaço público tem passado ao lado do frenesim da campanha.
Comum é o uso das aplicações com medidor de passos. Boa parte dos candidatos e dos apoiantes admitem que estas duas semanas valem por uma "peregrinação a Fátima a pé".