O cabeça de lista da coligação “Viva Aveiro” assumiu na apresentação de candidatos que a convergência entre forças políticas começou a ser debatida há quatro anos ainda antes das eleições de 2017.
Manuel Sousa confessou que foi a partir de conversas com elementos do PAN e do PS que se começou a desenhar o que em 2021 é uma coligação sob o mote “Viva Aveiro”.
“O que estamos aqui a expressar começou há quatro anos. Obrigado Marta Dutra por termos trabalhado para chegar até aqui. Começamos lá atrás ainda sem ideia de coligação mas de convergir. Cá estamos PAN e cá estamos PS”.
O candidato à cadeira presidencial no Município afirma que o trabalho assenta na mobilização de cidadãos, na auscultação da sociedade civil e na criação de bases de entendimento.
“Escutamos as pessoas em todos os lugares, nas ruas e nas associações, para um programa construído por cada um dos aveirenses. Não vamos impor. Quando escutamos as pessoas de Requeixo a pedir educação e saúde, quando ouvimos Nariz a querer independência porque não tem nada, é isso que queremos trazer ao programa. Quando ouvimos pedir transportes públicos, quando ouvimos em São Jacinto para que não metem o pé no pescoço, quando ouvimos as freguesias a nascente a pedir uma cidade nova com mobilidade suave, com habitação a custos acessíveis. É este o programa que vamos construindo. É isto que queremos”
Sobre a atual maioria diz que faltou diálogo e abertura mas também alguns investimentos estruturantes.
“Quando ouvimos empresas a dizer que não há apoios e quando ouvimos dizer que gostariam de se instalar mas não há espaços. Não há uma zona industrial qualificada para acolher empresas. São estas as vozes que ouvimos. Este é o nosso mote”.
Na aliança de PS e PAN há temas comuns que ganham peso como o desenvolvimento sustentável (com áudio).
“O desenvolvimento sustentável é a nossa marca. Queremos um Município de serviço público gerindo consensos. Vamos fazer grandes obras porque as grandes obras são as pessoas. Garantia de que vamos dar contributo para aumentar a qualidade de vida”.
“Nesta altura, de crise, vamos ao que seja estruturante para gerar consenso. É preciso reinventar a solidariedade. Queremos um município cidade. É isso que é desenvolvimento sustenável. Acabar com periferias e ter serviços públicos em proximidade, identidade e desenvolimento sustentável. Cada povo tem os líderes que merece. É preciso parar o estado a que Aveiro chegou”.
Os discursos da tarde de apresentação das candidaturas acentuaram o desconforto com as políticas da maioria de direita (PSD-PP-PPM) liderada por Ribau Esteves.
João Sousa, diretor financeiro da candidatura e vereador na autarquia, deixou o mote para um novo ciclo assente no diálogo.
“Os aveirenses querem ser ouvidos e isso, nomeadamente, nos últimos quatro anos não aconteceu. É preciso mudança. Queremos mais e melhor cidadania. Saúdo os envolvidos nesta coligação. Ao Manuel Sousa dizer que a sua humildade, a sua generosidade a sua competência vão ajudar a eliminar a crispação em que Aveiro vive”.
Filipe Neto Brandão, deputado e Mandatário da candidatura, deixou referência a obras públicas que chocam com a memória coletiva de Aveiro.
“A mais bela avenida do país está a ser descaracterizada. Um traço identitário de Aveiro vai ficar como qualquer outra noutro lugar. Negação do que são novas políticas de mobilidade”.
Francisco Picado, candidato à Assembleia Municipal, apresentou a coligação com o PAN como primeiro sinal de convergência.
“Este é um grande movimento de cidadania ativa. Este é um evento de especial relevância num processo de mudança em curso. A minha filha perguntava se estava nervoso com este momento. Respondi-lhe que não. Porque é estar entre amigos para acabar com as diatribes que o executivo tem andado a fazer. Estamos entre os famosos pilaretes da avenida e o buraco do Rossio. Na Assembleia quero que todos tenham voz ativa nos destinos da sua terra. Não haverá inclinação do terreno. E a descentralização em freguesias será uma realidade”.
Ao nível das representações dos partidos envolvidos na coligação, o PAN apresentou-se na voz da presidente do Partido.
Inês Sousa Real falou de uma “Coligação histórica para marcar a viragem em Aveiro” com políticas de adaptação às alterações climáticas e de aposta no homem e nos animais (com áudio).
“Dois partidos com ideários distintos que se unem para resgatar Aveiro dos interesses de Ribau Esteves. Aveiro precisa de alternativa. Do nosso trabalho feito neste mandato há pontos comuns. Precisamos de uma democracia plural. Precisamos mudar de ciclo. Cuidar das pessoas mais vulneráveis, responder na saúde e nos transportes. E novas políticas de proteção ambiental. Nas políticas animais, em Aveiro não tem havido estratégia. Ribau Esteves tem-se demitido de acompanhar políticas do século XXI. Juntos vamos construir um Aveiro diferente. E é na convergência que vamos fazer a diferença”.
Henrique Ferreira representou Jorge Sequeira, presidente da distrital do PS.
“Esta candidatura mostra capacidade de diálogo. Não me cabe a mim dar nota sobre obras em curso em Aveiro mas sinto que as obras não respondem aos aveirenses”.
Mariana Vieira da Silva, da direção nacional do PS, Ministra que tem sido rosto nas políticas de combate à pandemia, traçou as linhas de combate nacionais e defendeu a necessidade de Aveiro se aproximar desse modelo (com áudio).
“O país tem programa de recuperação com SNS mais forte, mais respostas na habitação e respostas à pobreza. Não podemos deixar ninguém para traz. Queremos combater as desigualdades. A nossa aposta passa por criar convergências. É assim no país e começa a ser assim em Aveiro. Procuramos reforçar transportes. É assim no país e devia ser assim em Aveiro. Pode ser assim em aveiro. Na habitação temos políticas para responder. E se é assim no país pode ser assim em Aveiro”.
A coligação apresentou as recandidaturas de João Morgado em Eixo-Eirol e António Aguiar em São Jacinto e as candidaturas de David Iguaz à Junta da Glória e Vera Cruz; Anabela Saraiva em Aradas; Luis Martins em Esgueira; Pedro Oliveira em Requeixo, Nossa Senhora de Fátima e Nariz; Andreia Batista em Oliverinha; Sónia Pião em Cacia e Romy Aparício em Santa Joana.