Os três D da Revolução, a integração na União Europeia e a luta contra os movimentos populistas foram alguns dos temas abordados por Maria de Belém Roseira e António Lobo Xavier no colóquio “25 de Abril: ontem, hoje, até quando?”, que integrou a Cerimónia Evocativa dos 50 Anos do 25 de Abril em Albergaria-a-Velha.
Com moderação do jornalista Rui Baptista, a conversa no Cineteatro Alba fluiu sobre as conquistas de Abril e a evolução do país nestes 50 anos de Democracia, mas sem ignorar o crescimento de movimentos políticos extremistas na sociedade portuguesa.
“Há quem tenha saudades do antes do 25 de Abril e quem tenha saudades do antes do 25 de Novembro”, afirmou António Lobo Xavier, referindo-se aos partidos populistas e radicais, à esquerda e à direita, que se aproveitam do descontentamento da população e podem minar os valores democráticos.
Atualmente, nos meios de comunicação social, em particular, na televisão, onde “a informação é cada vez mais entretenimento”, quem apresenta soluções fáceis, num discurso onde só existe o preto e o branco, consegue captar a atenção.
“Não é possível ignorar que há cada vez mais pessoas zangadas, com vontade de protestar, mas nem todas são de extrema direita, salientaram os dois antigos deputados da Assembleia da República”.
Sendo a Democracia um dos três D da Revolução, ela é, por vezes, “mais formal do que substantiva”, salientou Maria de Belém Roseira, na medida em que falha a participação cívica.
“Há que convencer as pessoas a votar, comprometê-las com os direitos conquistados no 25 de Abril, mas também com os deveres. Quanto ao Desenvolvimento, os dois antigos deputados concordam que a integração na União Europeia foi fundamental para a modernização do país. A antiga Ministra da Saúde destacou que a Europa fazia muita pressão na afirmação dos direitos sociais e que, sem a ajuda externa, Portugal não teria tido a capacidade para a infraestruturação necessária ao desenvolvimento social. O Desenvolvimento tem de ser construtor das liberdades e é preciso atuar para desenvolver o potencial de cada pessoa, “não pode ser uma receita igual para pessoas diferentes”.
Embora concordando com o grande salto em termos de desenvolvimento social nas últimas décadas, António Lobo Xavier referiu que o sistema económico não tem conseguido acompanhar a criação da estrutura social e isto é um desafio que tem de ser abordado.
Quanto ao último D da Revolução, a Descolonização, o atual Conselheiro de Estado enfatizou que “não devemos mentir sobre o passado, nem criar novas interpretações sobre o que aconteceu, pelo que, na sua opinião, não vale a pena falar de indeminizações ou reparações financeiras às ex-colónias”.
Na Cerimónia Evocativa do 25 de Abril, os órgãos representativos do Município de Albergaria-a-Velha fizeram vários reconhecimentos públicos (eleitos locais após o 25 de Abril, pelo seu contributo em prol da Democracia; à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Albergaria-a-Velha; à Guarda Nacional Republicana e às mulheres, representadas pelos membros femininos dos órgãos locais, enquanto legado de Abril.
Além da Cerimónia Evocativa, o 25 de Abril em Albergaria-a-Velha foi festejado com uma mostra das freguesias, associações e outras entidades locais na Alameda 5 de Outubro, com animação infantil, música e artes de rua.
Houve ainda o hastear das bandeiras nos Paços do Concelho, com Guarda de Honra do Corpo dos Bombeiros Voluntários de Albergaria-a-Velha e um momento simbólico pela Paz.
A animação musical foi proporcionada pelo Coro Infantil e Banda Filarmónica da ARMAB.