O investimento financeiro em África foi a temática do jantar-debate que reuniu, no dia 5 de julho, cerca de setenta empresários, em Aveiro, promovido pela AIDA CCI – Câmara de Comércio e Indústria do Distrito de Aveiro.
Fernando Castro, presidente da AIDA CCI, foi o anfitrião do evento, e aproveitou para enaltecer o continente africano pelas suas características próprias, influências variadas, de regiões e etnias múltiplas, e introduziu os oradores que desmistificaram as questões relacionadas com o investimento em África, enumerando e destacando as várias oportunidades de negócio que se podem concretizar tendo em conta o potencial da região.
Francisco Mantero (na foto), presidente do Conselho Estratégico para a Cooperação, Desenvolvimento e Lusofonia Económica da CIP e chairman do Africa Network da BusinessEurope em Bruxelas, foi o primeiro orador, que destacou os pilares fundamentais do acordo de cooperação pós-Cotonou, que entra em vigor em fevereiro de 2020, e que irá liderar as relações entre a União Europeia e um grupo de 79 países de África, Caraíbas e Pacífico.
O investimento é o primeiro instrumento apresentado, já que pode permitir a criação de emprego e a promoção da cadeia de valor em África.
Neste âmbito, Francisco Mantero indicou a existência de um bilião de euros para uso das empresas e que se tenciona alavancar para 18 biliões de euros, bem como a existência de algumas plataformas e gestão de fundos que permitem um apoio financeiro às empresas que pretendam investir no continente africano.
A assistência técnica é outro ponto fundamental, pois «possibilita que os projetos das empresas tenham qualidade técnica e possam ser “bancáveis” pelos bancos», frisou Francisco Mantero.
Por fim, o orador falou da importância da estrutura de diálogo com a vertente europeia, de forma a vincar posições políticas, «já que estamos a falar da existência de 28 países da Europa e mais de 50 de África».
Francisco Mantero terminou a sua intervenção com a enumeração dos pontos-chave do acordo pós-Cotonou, que assenta nos parceiros da Comissão Europeia, como o Banco Europeu de Investimentos, o Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento ou a EDFIN, uma associação de instituições financeiras de desenvolvimento com a missão de financiar, a médio e a longo prazo, investimentos promovidos pelo setor privado em países emergentes e em desenvolvimento.
O comércio é outra área relevante, onde estão criados instrumentos para a facilitação do comércio para promover África de forma gradual nos mercados globais, e simultaneamente destruir barreiras comerciais existentes.
Um dos problemas evidentes em África relaciona-se com a falta de mão-de-obra qualificada, pelo que a educação é um setor de investimento, com a mobilização de recursos externos para formar e qualificar quadros em África, através de programas europeus de mobilidade.
O diálogo é também uma pedra basilar, que deve englobar as associações empresariais, e que permite uma ligação entre todos os intervenientes do acordo, para a criação de estruturas fortes e de multilateralidade.
Marta Mariz, presidente da Comissão Executiva da Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento, Instituição Financeira de Crédito, foi a segunda interveniente no jantar, que sublinhou que as oportunidades em África são inúmeras, mas a maior parte das empresas inibe-se, porque faltam instrumentos e é grande o risco.
Marta Mariz destacou, por isso, a missão da SOFID, que consiste no apoio às empresas portuguesas que investem nos países em desenvolvimento, através da enumeração de instrumentos financeiros para o setor privado, e ainda da capacitação técnica dos projetos, para que a banca os financie.
«A SOFID faz de acelerador do investimento, num esforço conjunto de entidades europeias e africanas», salientou a presidente.
Este jantar-debate integra o projeto PME Qualify, que visa fomentar a valorização e transferência de conhecimento e tecnologia e a qualificação dos recursos humanos, através de um conjunto de iniciativas que contribuem para o reforço da capacitação empresarial das pequenas e médias empresas.
O projeto PME Qualify teve início a 1 de janeiro de 2018 e termina a 31 de dezembro de 2019. É cofinanciado pelo COMPETE 2020, Portugal 2020 e União Europeia através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). O projeto é financiado pelo Portugal 2020, no âmbito do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização, no montante de 626.208,74€, dos quais 532.277,43€ são provenientes do FEDER.