Braga da Cruz vê futuro num hub portuário com concorrência entre Portos.

João Pedro Braga da Cruz, antigo administrador do Porto de Aveiro e quadro do Porto de Leixões, defende que apesar do “Plano" António Costa Silva para a economia não se referir ao Porto de Aveiro, há margem para pensar que este será um Porto nuclear na expansão económica.

Afirma mesmo que o investimento em novas infraestruturas neste Porto “é fundamental para o aumento da competitividade do sistema portuário, e, em consequência, para o aumento de competitividade da economia do noroeste da Península Ibérica”.

Em texto publicado pela PLATAFORMA 'Cidades', um grupo de reflexão cívica, Braga da Cruz analisa os riscos e o potencial de Aveiro no contexto nacional e europeu.

A Proposta “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica e Social de Portugal 2020-2030”, denominado Plano Costa Silva, define dez eixos estratégicos e respetivos programas de investimento com destaque para a Rede de Infraestruturas Indispensáveis no setor Marítimo-portuário.

O estudo fala de Sines e Leixões como pilares com “primazia estratégica” para Sines e Leixões à espera de investimentos que renovem a sua importância.

“Todavia a sua concretização tem vindo a ser protelada devido à resistência de grupos de interesses locais com eco nas respetivas autarquias”, refere Braga da Cruz que recorda documentos dos anos 50 do século passado em que Aveiro era tomada como localização de expansão com condições de crescimento.

Criar condições para poder desenvolver o Porto de Aveiro continua a ser um desígnio válido para as próximas décadas e Braga da Cruz alerta para a ponderação dos investimentos que façam de Aveiro essa “reserva” do centro e norte de Portugal com capacidade para estimular novos investimentos também em Leixões.

Admitindo que “não é aceitável inferir que cada porto terá a possibilidade de se constituir como um hub, quer para operações de transferência de cargas entre linhas oceânicas”, Braga da Cruz defende que só é possível esse hub “reunindo um conjunto de portos com diferentes escalas, e constituindo uma plataforma capaz de operar à escala local, regional e global”.

“Se o futuro implica, como assume a proposta de António Costa Silva, maior extensão de cais, mais áreas de manuseamento de cargas, e estruturação das plataformas logísticas, então o porto de Aveiro tem capacidade de crescer em todas estas vertentes. Não se pretende que o Porto de Aveiro substitua o Porto de Leixões enquanto elemento polarizador a norte do sistema portuário, mas que o complemente e constitua uma alternativa consistente”.

 

(texto corrigido às 10h25 do dia 12 de Agosto)