A Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios, esteve ontem ao final da tarde reunida em audiência com a ministra da Agricultura, reforçando o apelo sobre a “necessidade de criar condições efetivas para salvaguardar o sector dos lácteos em Portugal nos próximos anos, tendo em conta que tem vindo a sofrer fortes quebras, resultado das várias condicionantes que têm agravado e impactado fortemente a comercialização e escoamento do produto”.
Paulo Leite, director geral da ANIL, deixou a mensagem neste encontro que surge depois do Governo ter anunciado mecanismos para valorizar o leite à produção elevando o preço mínimo. As condições de mercado mantêm-se agravadas, com muitos constrangimentos para os industriais, que vêm os seus níveis de stocks atingirem o máximo de que há memória, na medida que têm mantido o seu compromisso social de recolha de todo o leite produzido em solo Nacional, a preços próximos da média Europeia e mesmo superiores ao preço pago à produção em países com muito mais vantagens competitivas, como é o caso da Irlanda, Bélgica e Alemanha.
“Este facto, lamentavelmente, não tem sido relevado pela nossa ministra da Agricultura nem por nenhum dos seus Secretários de Estado, nas diversas ocasiões em que tiveram oportunidade de o referir” aponta Paulo Leite acrescentando que “os preços de venda ao público do leite e produtos lácteos atingiram patamares insuportáveis para a Indústria, só comparáveis com os praticados há 20 anos atrás, sem que essa descida tenha sido acompanhada por proporcional descida do preço do leite à produção”.
O mercado externo tem-se agravado, especialmente no que se refere ao peso do mercado Angolano e Portugal não encontra, a curto prazo, mercados alternativos de dimensão semelhante. As importações de leite e produtos lácteos continuam ao nível de anos anteriores, com a perspetiva de Portugal atingir o final de 2015 com um défice na Balança Comercial da ordem dos 250 Milhões de Euros.
Paulo Leite destaca também que “o aproveitamento da situação particular deste sector por parte da Distribuição tem sido escandaloso, com estas empresas a desobrigarem-se de se incluir no desígnio de proteção da produção nacional.”