O Secretário de Estado Adjunto e das Comunicações entende que o Porto de Aveiro tem potencial para crescer nos próximos anos e condições únicas para se afirmar no contexto nacional.
E é pela área disponível para ampliação que sustenta essa afirmação.
Alberto Souto, convidado de uma conferência do Rotary Club de Aveiro, explicou que a estratégia do Governo passa por modernizar os portos, seguindo o caminho da digitalização e descarbonização.
Em discurso sobre as perspetivas para o pós pandemia, o antigo autarca de Aveiro assumiu que a área de expansão que está já a ser trabalhada vai marcar a diferença.
“O Porto de Aveiro entra nesta estratégia definida para os portos nacionais. Tem caracteristicas especiais. Tem três cais de mil metros cada um, dois funcionam e um ainda para dragar. Só para termos uma ideia, Matosinhos luta para ter o primeiro cais de 800 metros. O espaço pode dar outra competitivdade. É necessário melhorar os fundos para chegar aos 14 metros que neste momento estão nos 12 metros, recuar o molhe sul para que navios de maior porte possam entrar direitinhos para a bacia do porto e garantir ligações ferroviárias para composições de 700 metros. E um porto digitalizado”.
Deu garantias de estudo do impacto da "abertura da boca da Barra", com apoio científico, e explicou que o Porto de Aveiro pode entrar no negócio dos contentores e ro-ro.
A ligação ferroviária entre o porto de Aveiro e Salamanca foi tema de pergunta sobre a incoerência de investir nos portos sem investir numa ligação dedicada.
Alberto Souto admite que gostaria de ver uma solução de raíz mas a questão financeira atira a primeira solução para fazer da Pampilhosa o ponto de passagem pela antiga linha da Beira Alta.
“A informação que tenho é que contra o que seria a minha sensibilidade essa ligação irá à Pampilhosa. Segundo algumas vozes é um investimento enorme que terá dificuldades na qualidade de serviço. Como não há dinheiro tenta-se ir pela via mais barata. Temo que prevaleça mas não tenho detalhes”.
Alberto Souto reconhece que as pendentes levantam limitações sobretudo agora que se fala em composições com 700 metros de comprimento.
Na fase de perguntas e respostas, o Secretário de Estado foi, ainda, questionado sobre o reforço da posição da China nos portos nacionais nomeadamente em Sines.
“Esta crise ensinou que a Europa vai ter de assegurar uma produção estratégica. Estamos a conversar com a China e com os EUA. Estamos a promover o porto de Sines em todo o mundo. Sines tem o gás, o terminal químico, área logística e uma central de dados com enorme potencial. Há várias indústrias interessadas em Sines. O Governo Português mantém boas relações com a China mas parece-nos interessante diversificar o risco por diferentes países e não concentrar mais um ativo estratégico num único país seja ele qual for”.
O futuro da TAP foi chamado ao diálogo e o Governante preferiu evitar ir a fundo no tema.
"Está tudo em aberto. Negociações são negociações. Acho que vamos manter a TAP. Quero acreditar nisso. Mas a situação não é fácil. Outras companhias já desapareceram".