O Festival Internacional do Verso Popular arranca esta semana com atividades até 4 de Março. Descante, Desgarrada, Desafio, Poetas Repentistas de Portugal, Espanha, Brasil e Marrocos são o centro deste evento cultural.
A Junta da Freguesia do Bunheiro acolhe na sexta, às 10h30, alunos das escolas, pais e professores e às 12h30 pessoas da terceira idade e acompanhantes. Sábado, dia 24 de Fevereiro, às 19h30, há jantar-concerto com Augusto Canário e Cândido Miranda, de Viana do Castelo.
Os últimos grandes cantadores populares de Portugal, descendentes dos bardos e menestréis medievais, desapareceram na década de 40 do século passado, entre muitos deles António Aleixo de Loulé e Marques Sardinha, de Avanca.
Deixaram poucos discípulos, alguns emigraram e levaram a arte do verso popular para os países de acolhimento. Uns regressaram, outros não. Um discípulo do Sardinha, José Joaquim Monteiro, do Bunheiro - Murtosa, andou por terras do Brasil e viveu cinquenta anos em Macau.
Deixou uma obra volumosa, publicada recentemente. O mesmo aconteceu com dois discípulos algarvios do Aleixo, o Manuel Pardal e o Clementino Baeta.
Mas nas escolas e nas universidades portuguesas, o tema da Literatura de Cordel, atualmente em processo de reconhecimento pela UNESCO como património da humanidade, nem sequer consta de qualquer programa. “Há que dar a volta a esta vergonha”, desafia Abreu Freire.
O FESTCORDEL – Festival Internacional do Verso Popular - tem por objetivo restaurar em Portugal uma das tradições culturais mais antigas e genuínas da língua portuguesa, juntando, numa exibição de arte da palavra, alguns dos maiores poetas e repentistas populares da atualidade, de Portugal, Espanha, Brasil e Marrocos.
"Pretendemos sensibilizar as escolas, as universidades e o público em geral, para esta tradição perdida, da qual tivemos exímios executantes de norte a sul do país, alguns dos quais, como o Marques Sardinha, retratado desde 1929 na estação ferroviária de Avanca, viveram entre nós e encantaram o nosso povo que ainda recorda os seus nomes".
O verso popular é uma arte do povo, cultura genuína da nossa gente e de todos quantos partilham a língua portuguesa pelos continentes do planeta
Quando em Portugal a arte desaparecia das ruas e dos arraiais, ela arrancava no Brasil para uma fantástica difusão, como entretenimento e educação de gerações de cidadãos.
Os poetas populares brasileiros, cordelistas, repentistas e cantadores, merecem hoje o apreço dos letrados e eruditos e são acarinhados e aplaudidos por multidões nos arraiais populares. “Vamos ouvi-los versejar e cantar, juntamente com que ficaram do lado de cá do oceano”.