O candidato do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal de Aveiro reagiu, hoje, ao anúncio da eventual construção de um hotel para a zona da antiga lota.
A informação veiculada pelo JN no fim de semana junta-se às notícias sobre as negociações entre Administração do Porto de Aveiro, Câmara e Governo.
Nelson Peralta diz que os terrenos da antiga lota não devem servir para criar zonas exclusivas atirando a classe média para a periferia da cidade.
“Ficaram claros os motivos para a disputa da propriedade dos terrenos públicos da lota. Riba Esteves quer a transferência gratuita do porto de Aveiro para a autarquia. Mas afinal é apenas para entregar os terrenos a privados para construção de luxo e um hotel"
Peralta entende que é necessário respeitar os critérios de ocupação da área, atender aos riscos das alterações climáticas e garantir habitação pública a custos controlados e infraestruturas de interesse público.
"Não faz qualquer sentido pegar num terreno público e entrega-lo à especulação imobiliária, puxando assim para cima o preço de toda a habitação em Aveiro. Isso é garantir lucros fantásticos a uma pequena elite à custa da vida de todos em Aveiro".
O candidato associa, ainda, a ocupação ao estacionamento subterrâneo no Rossio.
“É cada vez mais claro que o estacionamento subterrâneo no Rossio vai ser feito apenas para servir estes novos hotéis. São dinheiros públicos que em nada beneficiam a generalidade da população. A candidatura do Bloco de Esquerda assume o compromisso que tudo fará para que o estacionamento no Rossio não seja construído”, defendeu.
Há poucos dias, em entrevista ao programa “Conversas” o candidato do BE falava sobre a importância de reservar para todo o que é público (com áudio)
Nas últimas horas surgiram diferentes visões para este eventual interesse da indústria hoteleira.
O docente universitário José Carlos Mota, ligado aos movimentos de dinamização cívica, entende que a notícia deixa em alerta e causa preocupação a quem pretende um debate prévio sobre o futuro daquela área.
Sugere uma reflexão profunda e global sobre a utilização daquela parcela que "estende" a frente lagunar da área mais urbana de Aveiro.
Defesa de um planeamento coletivo para o parque das marinhas de Aveiro.
"Escrevi há uns meses que não há muitas cidades no mundo que disponham de um parque natural a dois passos do seu centro. Na verdade, não é bem um parque natural porque parte dele foi construído pelo homem, num equilíbrio raro e delicado com a natureza. Uma das obras arte produzidas são as marinhas de sal, um dos engenhos mais belos do mundo, merecedor de distinção equivalente”.
José Carlos Mota defende um trabalho de planeamento que permita integrar esse património de forma harmoniosa.
“Face às notícias da eventual transferência dos terrenos da antiga Lota para o município, talvez esteja na altura começar a planear coletivamente este território e a integrá-lo de forma plena como um parque natural e urbano único de Aveiro, com tamanho equivalente a cinco vezes a dimensão da cidade. O Parque das Marinhas podia transformar-se num desígnio comum, num objetivo que nos una e mobilize pelo futuro de Aveiro mas não deve ser projetado de forma avulsa de acordo com alguns interesses particulares. As marinhas são um património público de todos! O seu futuro deve ser pensado coletivamente”.