PSD e PS chumbaram a aquisição da Casa do Gaveto.
A proposta voltou a subir à mesa do executivo municipal mas para acabar na gaveta com os vereadores de PSD e PS a considerarem inoportuna a operação em tempo de crise e no momento em que a maioria alega limitações financeiras sempre que se trata de investir noutras áreas.
O PSD já há um ano tinha votado contra a aquisição, na altura orçada em 275 mil euros, e repetiu o sentido de voto numa operação que, em 2023, ficaria nos 225 mil.
Repete argumentos como a existência de alternativas válidas nas imediações do edifício da Câmara Municipal agora com a agravante de o contexto ser ainda mais complexo.
Os vereadores argumentam que a Associação Inovadomus acabou por nunca cumprir com a reabilitação do edificado, defendem que a redução de preços mostra que o valor tem estado inflacionado e lembra que para reabilitar seriam necessários mais 300 mil euros admitindo uma operação a rondar os 600 mil euros.
A situação social vivida em Portugal leva o PSD a lembrar que a autarquia tem assumido limitações no apoio a IPSS’s do Município, às Juntas de Freguesia, com os Centros de Saúde e Escolas a necessitarem ser intervencionadas e os passadiços degradados nas praias.
“São efetivamente muitas as necessidades sem resposta, e essas sim, farão a diferença na vida das pessoas e das instituições, pelo que a aquisição deste imóvel é um ato irresponsável, revelando confusão e uma péssima escolha de prioridades para com os nossos munícipes, para com as nossas famílias e agentes económicos e sociais, com a qual discordamos em absoluto”, refere a declaração de votos dos Social Democratas.
E nem os argumentos sobre as funções da casa deixam margem para a aceitação.
O PSD diz que não é necessário nem mais uma “sala nobre para receber entidades” nem “Sala de exposições” e assume que não vai olhar aos “interesses de terceiros”.
“Sr. Presidente o principal património com que se deve preocupar e proteger neste contexto de inflação e em todos os outros, são os Munícipes, as suas famílias e demais agentes económicos e sociais, que trabalham em proximidade com as pessoas”.
O PS também votou contra.
Sérgio Lopes, Vereador eleito pelo Partido Socialista, explica que os montantes em causa poderiam atirar a operação total para os 600 mil euros.
O autarca socialista considera que a integração de mais um edifício no património da autarquia “não é prioritária” e que os usos previstos pela maioria UPF “encontram enquadramento nos espaços e valências municipais já existentes”.
O Vereador do PS lamenta que a maioria UPF tenha demorado um ano a formular uma proposta que informe sobre os objetivos da aquisição e a utilização pretendida para o espaço.
E conclui que os usos previstos, de índole social e cultural, “são redundantes com outras valências municipais e que há seguramente condições para os acomodar em espaços já existentes, num contexto de edificado municipal subaproveitado”.
Não vê necessidade “prioritária” no esforço financeiro e pede a alocação de meios a outros fins.
Dá como exemplo o esforço necessário na modernização do sistema de gestão de resíduos sólidos urbanos; o aumento do apoio ao associativismo e comércio local; investimento nas infraestruturas de índole educativa, desportiva ou da saúde e o ordenamento dos centros cívicos da Gafanha da Nazaré e Gafanha da Encarnação.
Apesar de considerar importante a preservação do património arquitetónico, Sérgio Lopes defende que há mecanismos alternativos.
Sérgio Lopes constatou que “a maioria UPF, que aumenta as taxas de serviços de apoio às famílias; que tentou impor um violento aumento do tarifário de resíduos sólidos urbanos, travado pelo chumbo da oposição; que negou o aumento de apoio às associações e juntas de freguesia, pretendia agora, em sentido inverso, desencadear com leviandade este investimento supérfluo”.
Deixa o recado ao autarca que em vários momentos alegou dificuldades financeiras da autarquia que esta intenção de adquirir a casa vem provar o contrário.
“Esta conduta desmente o discurso derrotista assumido por João Campolargo, que sempre se lamenta de hipotéticas dificuldades financeiras da autarquia. A maioria UPF perdeu condições para continuar a sonegar a capacidade de investimento do Município de Ílhavo para o que é prioritário”.