Ílhavo, Aveiro e as Pontes

Concelhos vizinhos, unidos por pelo menos uma ponte física.

Neles, há protagonistas políticos que usam a ponte como forma de encurtar distâncias entre territórios, como qualquer cidadão. Alguns, porém, inventam ideias de pontes que visam criar cisões ao invés de encurtar distâncias de diálogo.

“A conversa com Rui Dias e os nossos maiores”, que ontem ocorreu no Clube Náutico da Boca da Barra, foi um momento não simbólico e não partidário no sentido do aproveitamento político (se bem que é claramente uma ação de um candidato que é do PSD e por ele apoiado de forma esmagadora). Foi, antes, um momento de profunda humildade, na medida em que se reconheceu que não se sabe, de facto, o que os mais velhos necessitam e anseiam.

O caminho, estou certo, será sempre ouvir tudo e todos, interiorizar e refletir para, depois, agir, com base nas informações recolhidas. Rui Dias é um homem de ação – é público e notório para todos, e indiscutível –, e, portanto, não será surpresa que o resultado seja eficácia e execução.

Rui Dias é assim: sabe muito, conhece muito, comunica muito, mas não se arroga aos devaneios de entender que sabe o que os mais velhos anseiam ver resolvido ou consideram mais prioritário.

Isto é o início do caminho da mudança: do "eu, candidato soberano", para "o candidato do coletivo".

E assim se cria mais uma ponte, iniciada há um mês com os mais jovens: a ponte da inclusão, da auscultação, do diálogo intenso, com apontamentos de tudo para, depois, se poder construir um programa de governação que vá no sentido da resolução progressiva dos problemas do concelho.

Rui Dias cria as pontes necessárias; no outro concelho em contraponto  as pontes não pretendem ligar nada a nada; a não ser talvez gerar inquietação.

 Em Aveiro, dois irmãos são candidatos à Presidência da Câmara Municipal. E uma ponte inexistente, nunca sequer pensada nos últimos anos, foi colocada como hipótese de vir a ser construída no futuro, ligando a Gafanha da Nazaré (Ílhavo) a São Jacinto (Aveiro). A ideia partiu de um deles, de seu nome Alberto Souto de Miranda, mas foi desmentida em seguida pelo próprio, alegando que as suas fontes estavam erradas.

Alberto pretendia atingir o seu irmão de forma cínica. E, passo a citá-lo:

"O PSD esclareceu que amanhã, em S. Jacinto, os Secretários de Estado demissionários, afinal, não vêm anunciar a ponte para S. Jacinto. Ainda bem. As minhas fontes estavam, portanto, erradas."

Se não vieram para anunciar a ponte, então não deveriam ter vindo. Afinal, não são de cá. E, mais uma vez cito:

"Pelos vistos, vêm apenas ajudar a 'Pensar Aveiro'. Ora, isso é extraordinário: nenhum deles é de Aveiro; não moram cá; nunca pensaram Aveiro."

Ou seja, quem não é de Aveiro não pode ajudar a pensar o concelho, nem nunca pensou nele.

Isto faz lembrar, embora de forma mais leve, Carlos Candal quando embirrava com Paulo Portas e Pacheco Pereira. O objetivo final aparece mais no fim do post, quando Alberto Souto de Miranda afirma que o outro candidato – que, não por acaso, é seu irmão – é tão desajeitado e sem pensamento estratégico para Aveiro que precisa da ajuda de quem nada sabe sobre o concelho. Cito:

"O candidato, por seu turno, reagiu com manifesta infelicidade à minha tomada de posição preventiva... Nem sei que diga… Percebe-se que venham ajudar."

Golpe baixo: inventar uma notícia sobre uma ponte para a desmentir na mesma publicação, com o propósito único de criar um prefácio para um texto que pretende dizer apenas: Luís Souto de Miranda não tem nenhuma ideia para Aveiro.

Percebe-se agora porque não gostou da ideia de ter o irmão como candidato: porque estava certo de que, fosse quem fosse o adversário, tudo seria válido em campanha. Está a fazer, de forma mais suave, o caminho de Ribau: desvalorizar o candidato, não pelas propostas que apresentou para Aveiro – porque ainda não as apresentou –, mas sim como se, por ainda não as ter tornado públicas, elas não existissem.

Mais um a querer ditar o ritmo dos outro, e a sugerir mais uma ponte absultamente desnecessária, Alboi- Rossio