Luís Souto de Miranda está a ter um início de campanha bastante interessante, do ponto de vista da política e da forma de a fazer.

Num estilo muito próprio, combina, com mestria, a tranquilidade de saber o que quer, sem necessidade de o estar a evocar a cada passo, com determinação no caminho, dando tempo ao tempo para que ele se desvele; com paixão contida sobre o seu concelho; com recato na sua exposição pública; e com contenção no uso das palavras.

Estas cinco componentes que referi — tranquilidade, determinação, paixão, recato e contenção — fazem dele o candidato ideal, em contraponto com os outros dois candidatos: Alberto Souto de Miranda e José Ribau Esteves.

Com o candidato Alberto, seu irmão, a campanha correrá bem. São os dois cordatos, têm ideias diferentes para o concelho e irão defendê-las, e um deles ganhará. Luís tem a enorme vantagem de nunca ter governado o município e, portanto, não tem nada que se lhe possa apontar sobre boas ou más decisões do passado. A pequena e eventual desvantagem poderá ser a inexperiência, mas, do que vemos no país e no mundo, a experiência de um cidadão como governante não determina um bom comandante. A meu ver, a sua inexperiência em órgãos executivos de governo obrigá-lo-á a ouvir tudo e todos — coisa boa, que contrasta com o anterior executivo.

Teremos alguém que ouve mais do que fala, que não dirá que vai fazer aquilo que não sabe se pode executar e, por último, entendo que não embarcará em populismos de obras fantasiosas, que depredam orçamentos e são de parca utilidade.

O candidato José Ribau Esteves é o mais sui generis, porque não é candidato, mas comporta-se como se o fosse — de forma violenta contra Alberto Souto de Miranda e, agora, contra Luís Souto de Miranda, como se inimigo fosse. Se consigo entender, do ponto de vista da política (ainda que não me reveja nisso), que ataque Alberto Souto, o adversário da sua força política, é incompreensível o ataque a Luís Souto de Miranda, que é o candidato do PSD à Presidência da Câmara Municipal de Aveiro, escolhido por quem pode decidir.

Ribau Esteves pode não gostar que o candidato não seja aquele que a concelhia e a distrital escolheriam. Em tese, eu também não gosto destas ingerências do Governo Central em matérias locais, mas José Ribau Esteves não se pode esquecer que foi candidato a Aveiro exatamente num processo semelhante, em que a estrutura local do partido tinha preferência por outro candidato, mas a direção nacional do PSD impôs José Ribau Esteves — que aceitou. Exige-se coerência.

Mas de não gostar a fazer campanha inútil — que é continuar a defender que o seu candidato inexistente é melhor do que o candidato existente — é insólito e claramente pretende enfraquecer Luís Souto de Miranda. Para quem ouve, quase que parece preferir que Alberto Souto ganhe para corroborar; Eu tinha razão.

Este posicionamento bélico de José Ribau Esteves contra Luís Souto de Miranda joga claramente a favor do candidato. José Ribau Esteves está a atrair para o PSD aqueles que repudiam esta forma de estar na política, gerando, só por isso, uma natural onda de solidariedade com Luís Souto de Miranda.

Aveiro é um concelho historicamente de centro e, portanto, já por aí Luís Souto de Miranda teria alguma vantagem. Com esta ajuda suplementar de José Ribau Esteves, fica do meu ponto de vista  mais próximo da vitória.