Artigo de Opinião

Dos "ilusionismos políticos" aveirenses

22.06.202500:31
autárquicas aveiro 2025

Não há uma sem duas, como se supõe que não haja duas sem três (pelo menos).
Já se tinha assistido à mesma postura aquando da apresentação da candidatura, voltámos a assistir ao mesmo na apresentação dos candidatos às lideranças das Freguesia, por parte do candidato do PSD à Câmara Municipal de Aveiro.

Que uma campanha eleitoral (seja ela qual for) tenha momentos de confrontação política é mais que natural e, até, desejável para a marcação de posições.
Que uma campanha eleitoral (seja ela qual for) tenha momentos, ainda por cima momentos que são, apesar de públicos (e para o público), marcadamente internos ou particulares (como a apresentação dos candidatos que encabeçam as listas às Assembleias de Freguesia), que apenas servem para o despeito, para a crítica vácua, a demonstração de um claro sentimento de inferioridade em relação ao seu principal opositor, para um indisfarçado desrespeito para com os aveirenses e, já agora, até para com as próprias escolhas pessoais que a candidatura apresentou, é bem demonstrativo do vazio da candidatura do PSD à Câmara Municipal de Aveiro, da total ausência de uma visão, de um projeto, de um futuro (que nem de continuidade consegue ser, porque não há), de um compromisso para com o Município e para com os aveirenses. Sobra a impreparação política para o exercício da função para a qual se candidata, a incapacidade de pensar e refletir sobre o território que pretende gerir ou a inabilidade para definir um caminho e um rumo (uma ideia que seja) para o Município de Aveiro.

As únicas palavras que temos ouvido são sempre as críticas vagas, infundadas e inconsistentes em relação a um passado com mais de 20 anos e à atual candidatura de Alberto Souto. Sobre o presente sabemos que não há nada, sobre o futuro muito menos sabemos porque não é, minimamente, projetado.

Olhando para o que tem sido o conjunto de reflexões, a partilha com os aveirenses, as freguesias, as associações, as empresas, a construção e apresentação, da parte de Alberto Souto de um projeto comum e agregador/envolvente para o Município, percebe-se facilmente que o “ilusionismo” deste projeto autárquico significa, tão somente, a capacidade que cidadãos, freguesias, associações, empresas têm em acreditar que é possível erguer um Município com Todos e para Todos, com criatividade e sustentabilidade.

Já o candidato Luís Souto teve, na apresentação das suas escolhas para as Freguesias, um verdadeiro momento de ilusão pessoal ao pensar que estava a falar do irmão, mas afinal estava a olhar-se ao espelho. Porque a verdadeira ilusão está na sua candidatura, pelo seu vazio total, pela falsa perceção e engano sensorial que transmite.

Seria politicamente mais sério e honesto que o candidato do PSD Aveiro (ou da estrutura nacional, já que do PSD local não foi) olhasse mais de frente e menos de perfil para o espelho e tivesse a nobreza política de dizer alguma coisa aos aveirenses sobre o facto de entre os 27 maiores municípios portugueses (os mais populacionais e as capitais de distrito, com exceção e Setúbal e Viseu por não terem disponibilizado informação) Aveiro ter o sexto maior endividamento municipal, segundo o Jornal de Notícias (17 de maio de 2025). Isto, em vez de continuar uma narrativa ilusionista sobre um contexto (real, nunca foi escondido) passado no tempo (há mais de 20 anos) e num tempo bem particular (entre conjunturas política e económica, acrescentando regras e lei das finanças locais substancialmente diferente da atual), já suficientemente explicado e demonstrado.

Seria também interessante, face ao seu próprio percurso ligado ao património (e que tanto autoelogiou), perceber qual é a sua posição sobre o que o Presidente da Câmara Municipal de Aveiro anunciou, na Assembleia Municipal, em relação à eventual demolição do edifício/casa antiga sede da CERCIAV (na Av. Artur Ravara).

Seria ainda mais interessante, já que tanto elogiou o professor Manuel Assunção (e bem, porque se reconhece o seu papel na função de antigo Magnífico Reitor da UA) saber o que pensa o candidato do PSD sobre a débil relação institucional entre a autarquia e a Universidade de Aveiro nos últimos anos, da qual, na sua ainda função de Presidente da Assembleia Municipal é, igualmente, politicamente cúmplice.

Além disso, não deixa de ser surpreendente e incompreensível, ou, até, inaceitável, para quem tem uma relação profissional e uma ligação académica (com todo o valor, não se questiona) com a Academia Aveirense, a completa falta de respeito e despeito para com dois ex-reitores integrantes da Comissão de Honra da candidatura de Alberto Souto (percebe-se a dificuldade de digerir a realidade) e para com o atual Magnífico Reitor.
Mesmo ultrapassando esse “pormaior”, não deixa de ser relevante e demonstrativo do que é a sua candidatura à autarquia aveirense, quando não há um videozinho, uma única publicação “social”, uma única linha escrita sobre a atual controversa/polémica entre a Câmara Municipal de Aveiro e a Universidade de Aveiro em relação à nave desportiva Caixa UA que o Eng. Ribau Esteves ‘declarou’ ilegal, mas que a rádio RIA demonstrou poder não ser factual e que a Reitoria da UA afirmou ser falso. Qual é a posição do candidato do PSD? Qual o seu posicionamento? É relevante para o contexto local os aveirenses perceberem, caso haja um hipotético incumprimento, como é que o Primeiro-ministro e o ainda Presidente da Câmara Municipal de Aveiro inauguram (com pompa e circunstância) uma obra alegadamente ilegal? Já que o ato formal, institucional e político de uma cerimónia inaugurativa é a validação e confirmação do objeto (material ou imaterial) a inaugurar.

Percebe-se… todos os contextos e “silêncios” referidos não têm o contorno da figura de Alberto Souto e, portanto, resta o silêncio e, uma vez mais, o vazio. Que nem o ciúme, inveja ou desconforto políticos causados pela multiplicidade de quadrantes partidários que validam e apoiam a candidatura de Alberto Souto (com punhos, sem punhos, em V ou até de polegar erguido) consegue explicar.

Ou seja… uma verdadeira (des)ilusão.