Silêncio até perceber se há motivos para processo disciplinar.
A reitoria da Universidade de Aveiro determinou a abertura de um inquérito para perceber se existe alguma conduta indevida na comunicação de um docente do departamento de Física que está a ser acusado pela plataforma de apoio a estudantes “Quarentena Académica” de escrever conteúdos homobóbicos e negacionistas.
Essa plataforma de estudantes, criada em plena pandemia, surgiu com o propósito de “ajudar a esclarecer as dúvidas e queixas dos estudantes do Ensino Superior” mas, neste caso, surge com uma intervenção mais abrangente.
Diz ter sido alertada por um estudante da Universidade de Aveiro para a comunicação do docente nas redes sociais.
A Quarentena Académica fala em discurso de ódio “contra vários setores mais fragilizados da sociedade” e em conteúdos que podem ser interpretados como posições negacionistas sobre a pandemia da Covid-19 quando levanta dúvidas sobre a eficácia das quarentenas.
No discurso cita exemplos ao nível de questões de género, sexuais e raciais.
A Quarentena Académica considera “inaceitável que uma instituição pública seja tolerante e conivente com os seus docentes que assumam aberta e publicamente discursos que violam a Constituição da República e nos mais elementares valores democráticos”.
Exige que a Universidade de Aveiro “investigue com celeridade” esta situação de modo a tomar uma posição “interna e pública”.
“Não o fazer, é manchar o bom nome da própria universidade”, desafia a Plataforma.
A Reitoria admite ter conhecimento da queixa mas não dos conteúdos.
Perante uma questão que, segundo a Reitoria, até à data, não tinha qualquer repercussão no seio do campus, entre alunos, professores e funcionários, nem ao nível do processo de ensino, o Reitor decidiu avançar para um levantamento.
Esse inquérito interno vai determinar se existe matéria que configure a instauração de processo disciplinar ou se termina em arquivamento.
Tratando-se de uma situação que não chegou aos bancos da Universidade, admite-se que a questão comunicacional venha a merecer um alerta do Reitor.
Do seio da academia sai uma primeira mensagem: "A UA não tolera ideias discriminatórias".
Recentemente, um docente da Faculdade de Direito de Lisboa foi visado num inquérito por comparar feminismo ao nazismo.
Tratou-se de um caso amplamente mediatizado uma vez que os conteúdos surgiam no âmbito do mestrado que lecionava.