O Vereador da Acção Social em Ílhavo, Paulo Costa, reforçou hoje de manhã, em declarações à Rádio Terra Nova, a ideia que "foi pura coincidência" a realização de uma 'rusga com detenções' no acampamento cigano 'Astérix' na Gafanha de Aquém na semana do 'debate sobre ciganos', com vários "especialistas sociais", em Ílhavo.
Cinco dos nove arguidos detidos pela GNR, na segunda-feira, por tráfico de droga, ficaram em prisão preventiva. A detenção ocorreu durante uma operação policial de combate ao tráfico de droga realizada no acampamento localizado na Gafanha de Aquém. Após terem sido presentes ao Juiz de Instrução Criminal, determinou-se a medida de coação de prisão preventiva para três homens e duas mulheres. Os restantes arguidos, quatro mulheres, ficaram sujeitos a apresentações periódicas às autoridades policiais.
Na perspectiva de Paulo Costa "a operação policial foi pura coincidência", vincou o autarca.
Na conferência "queremos conversar sobre a etnia cigana que tem as suas problemáticas. Temos de aprender a lidar com os ciganos. Há projectos desenvolvidos para intervir na etnia cigana e pretendemos melhorá-los. O que nos motiva é 'olhar' para estas questões e encontrar as melhores soluções para os integrar da melhor forma, sem ideias pré-definidas", disse.
O acampamento popularmente conhecido como "Asterix" está referenciado como sendo um local de tráfico de droga, nomeadamente heroína e cocaína e foi alvo de uma acção policial de grande envergadura. A situação motivou "comentários na comunidade e preocupação social", ouviu-se à porta da conferência.
Paulo Costa, Vereador de Acção Social, defende acções de intervenção e prevenção "conjuntas", envolvendo varias entidades para "minimizar problemas sociais e comunitários emergentes". Defende "um balanço" às acções governamentais e às realizadas por organismos locais. "Devemos conversar sobre este tema sem medo das palavras. As medidas que temos tido têm surtido efeito? Temos aplicado as medidas certas?". (com áudio)
Hoje realizou-se no Auditório do Museu Marítimo o Seminário “A Etnia Cigana na Diversidade das Etnias”.
O Presidente do Centro Distrital de Aveiro do Instituto da Segurança Social, Rui Cruz disse que é preciso encontrar respostas para fortalecer o processo de formação de jovens em risco. "Se encontrarmos respostas nas IPSS's que possam manter as crianças ciganas em acompanhamento permanente, num 'ninho de conforto', elas terão mais armas para se afirmarem definitivamente na nossa sociedade. O grande desafio é encontrar soluções para ajudar estes jovens, para que não percam, quando regressam ao seu lar cigano, o que aprenderam connosco", sublinhou Rui Cruz.
Na Segurança Social e nas IPSS's, "é importante encontrar respostas para acompanhar o percurso dos jovens em risco". "Afirmar os jovens ciganos na sociedade é um grande desafio colectivo".
Prudêncio Carvalho (na foto), que desenvolve no Alentejo, em Beja, um trabalho de mediação entre as comunidades locais de ciganos e a sociedade civil, referiu que é importante trabalhar junto dos mais excluídos socialmente para que a sua integração no mercado de trabalho seja mais fácil. "Deveriam apostar nos ciganos que estão preparados para trabalhar mas, as pessoas não se interessam por eles. Não confiam neles. Por ser cigano não se consegue trabalhar nestas comunidades ocidentais. Só exigem pessoas com estudos e especializadas em várias profissões e isso desvaloriza a comunidade cigana", constatou este cigano.