A ministra da Saúde, Marta temido, considera "bastante preocupante" a subida de casos de covid-19 nos últimos dias, particularmente mais evidente no norte do país
A ministra falava aos jornalistas após uma visita ao hospital de Penafiel onde reuniu com o Conselho de Administração e alguns dirigentes intermédios para avaliar a situação no Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, que excedeu a capacidade de acolher doentes com covid-19.
"O hospital de Penafiel está numa área que geograficamente é o centro do furacão neste momento e é natural que tenha tido maior pressão", disse Marta Temido, não alinhando com as críticas que têm sido feitas à forma como aquela unidade hospitalar estava preparada quando começou a segunda vaga de covid-19. "Nenhuma unidade do SNS está livre de sofrer uma pressão", acrescentou a governante.
A ministra comentou, ainda alegações que hospitais da região norte teria recusado receber doentes covid de Penafiel por considerarem que o CHTS se tinha preparado mal para a segunda vaga. "Isso seria inaceitável do ponto de vista ético e humano", disse Marta Temido. "Um dos aspetos abordados nas várias reuniões desta manhã foi o de perceber o que aprendemos com esta situação para não repetir os erros", acrescentou.
Marta Temido sublinhou a pressão está a ser sentida em outros centros hospitalares no norte do país, nomeadamente no Vale do Ave, no Douro e também no Porto, no Santo António e no São João.
"Não estamos livres de sofrer esta pressão ou de ter mortalidade elevada nos próximos dias", acentuou Marta Temido. "Temos de perceber a gravidade do que estamos a enfrentar e temos de estar unidos", acrescentou a governante.
À saída da reunião em Penafiel, a ministra sublinhou que o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) "registou algum alívio fruto com um conjunto de transferências nos últimos dias", que permitiram levar doentes para hospitais como o São João e Santo António, no Porto, mas também para o centro Hospitalar de Braga., de Trás-os-Montes, de Matosinhos, e até para o Santa Maria em Lisboa, além de internamentos acordados com duas unidades de saúde privadas.
Face à necessidade de reforçar o CHTS com mais meios humanos, com o próprio hospital a sofre as consequências da epidemia na região, com mais de 200 profissionais de saúde infetados ou em isolamento, a ministra disse que a escassez de profissionais de saída é comum a vários países da Europa.
"Há falta de meios no mercado, por isso estamos a tentar outras formas, nomeadamente acordos como o conseguido agora com o Hospital Militar do Porto", disse a ministra, sublinhando que nos encontros que teve em Penafiel "foram assumidos compromissos de que não faltarão meios para mitigar este problema."
A deslocação da ministra da Saúde ao norte de Portugal incluía, em Lousada, uma reunião com direção executiva do Agrupamento de Centros de Saúde do Vale do Sousa Norte e com autoridade de saúde local, bem como visita ao Hospital Padre Américo, em Penafiel, onde se reuniu com o conselho de administração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS).
Em causa está um centro hospitalar que dá apoio a uma região, Tâmega e Sousa, que tem sido alvo de preocupações devido ao aumento de casos de infeção pelo novo coronavírus. Só na terça-feira, este hospital registava 235 internados, dos quais 11 em cuidados intensivos.
Esta situação gerou um pedido de ajuda pelo presidente do conselho de administração do CHTS, Carlos Alberto Silva, à direção da Administração Regional de Saúde do Norte.
Fonte: Lusa