O Abrigo, instituição de São João de Ver, recebeu, ontem, em Paris, o Selo Humanitude que reconhece práticas diferenciadoras nos cuidados prestados à terceira idade.
Esta é a primeira instituição em Portugal a receber esta certificação francesa que distingue lares de idosos que privilegiem intervenções não-farmacológicas para controlar a agitação patológica.
Centro de Solidariedade Social de João de Ver é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, sediada em Santa Maria da Feira, que integra um Lar de Idosos - o Porto de Abrigo -, um Centro de Dia e uma Creche.
As suas boas-práticas têm sido distinguidas com prémios e são estudo de caso em universidades e centros de investigação.
Atualmente, o Abrigo integra 56 colaboradores e 108 idosos.
Alexandra Ferreira da Silva, Diretora Técnica da IPSS sediada em Santa Maria da Feira, enalteceu a importância deste reconhecimento internacional no trabalho diário da instituição de proporcionar cuidados em ternura às pessoas idosas.
“Esta distinção é muito importante, porque valida o caminho de humanização dos cuidados de saúde que escolhemos fazer há nove anos e, também, porque pode impulsionar uma mudança do cuidar no envelhecimento, que consideramos necessária e urgente. Este é o tempo para uma mudança organizacional dos lares de idosos em Portugal. Aqui, assumimos que O Abrigo, mais do que uma Instituição, é um Movimento que aspira a uma mudança no modo como os nossos idosos são tratados”.
Desde 2014, a nstituição adotou práticas que orientam a atuação dos profissionais, baseadas na metodologia Gineste-Marescotti e na filosofia de cuidados Humanitude, que privilegiam intervenções não-farmacológicas no controlo e redução de Comportamentos de Agitação Patológica, fornecendo técnicas específicas que melhoram a qualidade de vida da pessoa cuidada e dos cuidadores.
Nove anos depois, o lar de idosos regista 99% de aceitação dos cuidados por parte dos utentes, significando que apenas 1% expressa agitação e recusa nos cuidados.
No relatório da auditoria realizada pelo Instituto Gineste-Marescotti Portugal, que resultou na atribuição do Selo Humanitude, é referida “a graciosidade da equipa na prestação de cuidados. Os gestos das cuidadoras parecem fáceis e espontâneos, mas, revelam treino e profissionalização: são delicados, precisos e eficazes”.
Neste documento é também enaltecida a "dociabilidade ambiental”. “O som, o cheiro, os espaços e o ambiente são harmoniosos, agradáveis e estimulam sensorialmente de uma forma positiva as pessoas que vivem e trabalham nesta casa.”
São ainda destacados os procedimentos de trabalho que “garantem que a casa é organizada sem haver sobreposição das tarefas às necessidades e bem-estar das pessoas cuidadas”.
Além da prestação de cuidados com a grelha de captura sensorial, a auditoria avaliou dimensões relacionadas com: a vida da casa; procedimentos de trabalho; ocupação do tempo; cuidados de alimentação; registos e dinâmica de funcionamento.