Depois das ruas, praças, estabelecimentos comerciais e espaços públicos, o Cantar os Reis culminará com o tradicional Encontro de Troupes de Reis Infantis e Troupes de Reis, nos dias 05 e 06 de janeiro, pelas 14h30 e 20h30, respetivamente, no Centro de Arte de Ovar.
O Encontro Troupes de Reis Adultas engloba 15 Troupes, que anualmente criam e apresentam letras e músicas originais, e o Encontro de Troupes Infantis envolve 11 Troupes, que mantêm cada vez mais viva esta tradição.
Os bilhetes para assistir ao Encontro de Reis são gratuitos e limitados à lotação da sala e devem ser levantados no Centro de Arte de Ovar, no próprio dia, a partir das 19h30 horas, num máximo de quatro por pessoa para as Troupes de Reis Adultas. Os bilhetes para as Troupes Infantis são entregues diretamente às respetivas escolas/instituições e os bilhetes excedentes serão disponibilizados na hora.
De sublinhar que, no final de 2016, a Câmara Municipal de Ovar submeteu com sucesso a candidatura a Património Cultural Imaterial, considerando que, apesar de partilhar algumas caraterísticas com outras práticas em Portugal e na Europa, designadas de “Cantar os Reis” ou “Cantar as Janeiras”, em Ovar esta prática sofreu, ao longo dos anos, um processo de codificação artística, social e performativa, considerada diferenciadora, uma vez que adquiriu um recorte cultural próprio, sofisticado ao nível da composição musical e poética, e especializado ao nível da performance. A Câmara Municipal de Ovar continua a aguardar a aprovação do Cantar os Reis em Ovar da candidatura a Património Cultural Imaterial de Portugal.
A tradição das Troupes de Reis remonta aos finais do século XIX. Tinha inicialmente alguma semelhança com as «Janeiras» que têm lugar um pouco por todo o país, mas adquiriu características próprias e originais em Ovar. Em 1893, com o especial patrocínio de João Alves Cerqueira, um conceituado comerciante da praça vareira de então, nasceu a primeira Troupe – a dos “Reis dos Alves” ou “Troupe dos Velhos” e logo outras começaram a surgir.
O Cantar os Reis em Ovar distingue-se dos restantes pelo facto de, apesar de serem imbuídas de um saudável amadorismo e surgidas de forma espontânea, as Troupes vareiras exigem de si mesmas o mínimo de qualidade interpretativa e melodiosa. Desta forma, as exibições são minuciosa e antecipadamente ensaiadas; o leque de instrumentos tocado é muito variado e inclui o violão, o bandolim, o banjolim, a bandola e até o violino; o desempenho vocal é muito importante e manifesta-se em belas exibições de solistas e coros; as toadas, em jeito de balada, têm letras inéditas e músicas inéditas ou adaptadas. Destaque ainda para a estrutura do Cantar dos Reis, que é constituído tradicionalmente por três trechos: A Saudação onde é louvada a Noite Santa dos Reis e são saudados os presentes; A Mensagem onde se celebra o nascimento de Jesus e os seus ensinamentos; e O Agradecimento, em tom bastante mais ligeiro, no qual são pedidas as ofertas habituais e é agradecida a hospitalidade.
A qualidade das Troupes de Reis vareiras desde cedo cativou e impressionou o público, e o que representava um simples ato de cantar as boas festas a favor de obras sociais cresceu e tornou-se num evento de cariz cultural. Assim, as Troupes passaram a apresentar-se num espaço comum, nas Praças, no Salão Nobre dos Paços do Município, no Cine-Teatro, no Centro de Arte de Ovar, onde todos podem assistir e apreciar uma tradição com mais de cem anos.