A empresa Águas do Centro Litoral (AdCL) declina qualquer responsabilidade pelo lançamento nas águas da Ria de Aveiro de efluentes não tratados provenientes das redes de saneamento doméstico e industrial do concelho da Murtosa.
Com esta posição assumida pela empresa junto do movimento Amigos da Ria ganha mais força a tese dos escorrimentos a partir das explorações agropecuárias da Murtosa.
A empresa afirma-se disponível para reunir com o Presidente do Município e debater a questão.
Esta indicação foi transmitida pelo presidente da empresa ao Movimento de Amigos da Ria de Aveiro na sequência de um pedido de esclarecimento feito após declarações públicas do Presidente da Câmara Municipal da Murtosa que responsabilizavam a AdCL pela descarga de efluentes contaminados nas águas da Ria por incapacidade de bombagem nas estações elevatórias no seu concelho.
“Numa aproximação proactiva, a AdCL procurará nas próximas semanas reunir com o município da Murtosa e com a Águas da Região de Aveiro (AdRA) para equacionar soluções de forma a contribuir para as melhores condições ambientais da Ria”, refere a carta enviada ao MARIA pelo Presidente do Conselho de Administração da empresa, Alexandre Oliveira Tavares.
Em declarações à SIC, o Presidente da Câmara da Murtosa disse existir “um problema de manifesta incapacidade da Águas do Centro Litoral para transportar para o vizinho concelho de Estarreja todo o efluente doméstico e industrial que recolhemos e pretendemos entregar-lhes”.
Joaquim Batista adiantou que esta situação conduz ao “transbordo das estações elevatórias para linhas de água, atravessando estruturas urbanas e periurbanas” e que, finalmente, acabam nas águas da Ria.
“Esta realidade é manifestamente mais incomodativa do ponto de vista da saúde publica, e até ambiental, que qualquer outra eventualmente feita pela atividade agrícola, comentou o autarca, quando foi confrontado com a presença da bactéria E. coli nas águas da Ria e que determinou a suspensão das capturas de bivalves na principal zona de pesca da laguna”.
A empresa declina responsabilidades e a atividade das explorações agrícolas volta a estar no centro das atenções. O tema ressurgiu depois de mais uma interdição na apanha de bivalves.